Na reta final do mandato de Tininho Batista, a população de Marataízes, especialmente a mais vulnerável, enfrenta uma dura realidade: cortes em benefícios essenciais e precarização de serviços básicos. A gestão atual é marcada pela crise e pelo desperdício. De um lado, cidadãos que dependem de programas sociais e serviços de saúde sofrem com a escassez; do outro, um governo que parece manobrar politicamente para manter privilégios de aliados e adiar soluções.
A situação é dramática. Benefícios como cestas de alimentos e o Vale Feira foram cortados, afetando diretamente as famílias mais pobres. Na saúde, o cenário é de calamidade: faltam medicamentos, especialistas foram dispensados e ambulâncias operam no limite. Até o transporte para perícias no INSS, fundamental para trabalhadores doentes ou incapacitados, é insuficiente. A fiscalização é inexistente por falta de veículos, enquanto veículos oficiais eram recentemente utilizados para lazer de servidores nos finais de semana e feriados. Escolas também sofrem com falta de merenda e cortes nas horas extras dos funcionários de apoio.
A educação passa por uma crise administrativa que evidencia o descaso com alunos, mães e profissionais. Em uma medida de urgência, a Câmara de Vereadores precisou aprovar a extensão, por seis meses, dos contratos dos profissionais DT da educação, já que a atual gestão não lançou edital para processo seletivo. Essa irresponsabilidade comprometia o próximo ano letivo e deixava professores e funcionários em situação de incerteza, enquanto mães e alunos ficariam desassistidos.
O descaso ambiental agrava ainda mais a situação. Na Lagoa do Meio, toneladas de cal foram despejadas, contaminando o lençol freático e causando a morte de peixes e aves, um desastre que simboliza a negligência da atual administração. Além disso, a coleta de lixo está comprometida, com demissões em massa na empresa responsável, resultando em resíduos acumulados nas ruas.
Por outro lado, há movimentações governamentais que levantam suspeitas. Tininho Batista, diante de uma crise econômica anunciada – com quatro alertas de gastos superiores à arrecadação emitidos pelo Tribunal de Contas do Espírito Santo –, ignorou os sinais e continuou aumentando despesas, contratando e concedendo gratificações antes das eleições. Após o pleito, os cortes realizados parecem ser, em grande parte, apenas “para inglês ver”.
Uma prática comum tem sido a exoneração de cargos comissionados, seguida pela anulação dessas exonerações, mantendo os mesmos servidores ou substituindo-os por outros com laços políticos, como apoiadores do candidato à sucessão. Recentemente, novos pregoeiros foram nomeados com base em uma lei já extinta (Lei Federal nº 8.666/93), ignorando servidores efetivos e escolhendo comissionados sem experiência comprovada para cargos sensíveis.
Ao analisar essa situação, fica claro que o governo de Tininho Batista não visa aliviar as finanças para a próxima administração. Pelo contrário, está deixando um legado de dívidas que irá onerar a nova gestão, que assumirá em janeiro com imensos desafios, como a dificuldade de honrar a folha de pagamento e o 13º salário. Os altos salários e gratificações de comissionados serão pagos pelo orçamento do próximo prefeito, em uma manobra que soa como um “dane-se”.
A atuação do atual Secretário de Governo e do Gerente Contábil reforça o descaso. Eles dividem-se entre Marataízes e a Comissão de Transição em Cachoeiro de Itapemirim, comprometendo suas responsabilidades no município. A multiplicidade de funções atribuídas a servidores, sem separação adequada, levanta suspeitas de irregularidades e falta de transparência na administração de Tininho.
O último ato do governo, talvez o mais polêmico, foi a publicação de uma Ata de Registro de Preços para um sistema de videomonitoramento de R$12 milhões. A licitação, centralizada e pouco clara, desrespeita princípios de segregação de funções e gera questionamentos sobre sua real finalidade. Mesmo com o governo estadual já desenvolvendo um sistema similar, o município decidiu prosseguir com o processo, reforçando o clima de suspeitas.
Diante disso tudo, quem realmente paga a conta são os cidadãos de Marataízes, especialmente os mais necessitados. De um lado, sofrem com a falta de serviços e recursos básicos; do outro, assistem a um jogo político onde o bem público parece ser a última prioridade. O resultado é uma cidade mergulhada em crise e uma nova gestão que já começa com o pé esquerdo, tendo que lidar com a herança de uma administração marcada pelo descaso e desmandos.
Por Fabiano Peixoto, Jornalista, Editor Chefe do Capixaba News