Embora a notícia do colunista Abdo Filho, de A Gazeta, intitulada “Porto Central vai anunciar início das obras no Sul do Espírito Santo”, busque aquecer o coração dos moradores da região, a cada novo anúncio persiste a sensação de que o futuro sempre será promissor… mas nunca chega. Agora, a expectativa recai sobre um novo anúncio, que, segundo Abdo Filho, está previsto para 02 de dezembro. Nesta data, os executivos do projeto pretendem, pasmem, anunciar uma nova data: o início das obras do que promete ser um dos maiores terminais portuários da América Latina.
“As obras da primeira fase do projeto começarão até o início do ano que vem (com possibilidade de acontecer ainda em 2024)”, escreveu o colunista Abdo Filho.
Para aqueles que acompanham essa novela há mais de uma década, o entusiasmo é, no mínimo, contido. A cada ano surge uma nova justificativa, um novo obstáculo ou, melhor ainda, um novo “plano”. Em julho de 2023, moradores de diversas cidades da região participaram em peso de uma audiência pública na comunidade de Jaqueira, em Presidente Kennedy, onde ouviram que a primeira fase do porto entraria em operação em 2026. Este foi apenas mais um episódio de uma longa série de promessas — que teve início com a apresentação do projeto, em 2014. A conclusão da fase final (fase 5) está prevista apenas para 2040.
Desde então, o que se viu foram pequenas movimentações. Houve negociações com pescadores, descobertas arqueológicas e, agora, em novembro de 2024, a renovação de um acordo para um estaleiro de reciclagem de navios com a M.A.R.S., que promete transformar a área em um centro de desmontagem de embarcações. Os otimistas veem isso como uma oportunidade de modernização; os céticos, no entanto, já comparam o projeto aos “cemitérios de navios” de Alang, na Índia, e Chittagong, em Bangladesh.
A conexão ferroviária, essencial para o sucesso do porto, segue o mesmo ritmo lento. O projeto básico da Ferrovia Kennedy foi entregue em julho pela Vale, acompanhado de um repasse de R$ 3,5 milhões para estudos ambientais. O trecho, que ligará Anchieta a Presidente Kennedy, será fundamental para viabilizar o Porto Central. No entanto, há um grande “porém”: a ferrovia possivelmente só se tornará realidade após a conclusão da ampliação portuária em Anchieta. Esse investimento de R$ 6 bilhões, também liderado pela Vale, prevê a criação de uma linha tronco com aproximadamente 80 quilômetros entre dois municípios, além de uma conexão de 20 quilômetros com o Porto de Ubu e um pátio ferroviário.
O traçado deverá passar pelos municípios de Santa Leopoldina, Cariacica, Viana, Vila Velha, Guarapari e Anchieta. Mas, enquanto em Anchieta já existe um porto funcionando e autorizado para ampliação no modelo multimodal, em Presidente Kennedy o futuro do Porto Central permanece envolto em incertezas. Entretanto, a esperança ainda resiste!
Por Fabiano Peixoto – Jornalista / Editor Chefe do Capixaba News