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sábado, abril 20, 2024
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Criador do projeto que ajuda a levar alimento e renda para famílias carentes, reconhecido pela ONU, visita Anchieta

O jornalista Fabiano Peixoto e o zootecnista do Embrapa Luiz Carlos Guilherme

O criador do projeto ‘Sisteminha’ da Embrapa, o zootecnista Luiz Carlos Guilherme, que ajuda a levar alimento e renda para famílias carentes visitou este final de semana a cidade de Anchieta.

Sua visita era espera por familiares e amigos, pois sua mãe, a dona Iolanda Gulherme, e mais duas irmãs, Lena e Fátima, residem na cidade. A relação com Anchieta vem desde a infância, quando ainda moravam em Belo Horizonte e passavam verão nas belas praias de Anchieta.

Luiz Gulherme é altamente reconhecido no Brasil e no mundo, onde 4600 famílias já foram beneficiadas só no Brasil. A ideia é que as pessoas possam produzir o próprio alimento no quintal de casa, com a integração entre a criação de peixes, aves, hortaliças, frutas e legumes.

O projeto já foi implementado no Piauí, Maranhão, Ceará, Tocantins, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco. O “sisteminha” também já atravessou o oceano e ajuda famílias de países africanos como: Camarões, Etiópia, Tanzânia, Gana, Uganda, Angola, Senegal e Moçambique.

Nossa reportagem teve a honra de acompanhar este momento, e de saborear um café acompanhado de um delicioso pão de queijo mineiro produzido pelas mãos da Dona Iolanda.

Neste bate papo tecemos assuntos sobre a inversão econômica vivida na cidade de Anchieta e alternativas para reverter o quadro tão desafiador para o momento.

O projeto “Sisteminha” da Embrapa foi matéria especial do Globo Rural deste domingo 23/06.

Confira a baixo a matéria do Globo Rural deste domingo 23/06 na íntegra:

‘Sisteminha’ da Embrapa ajuda a levar alimento e renda para famílias carentes do Maranhão

A ideia é que as pessoas possam produzir o próprio alimento no quintal de casa, com a integração entre a criação de peixes, aves, hortaliças, frutas e legumes.

Embrapa desenvolve projeto para acabar com a fome de populações carentes

Clique e veja o Vídeo do Globo Play

O município de Urbano Santos, no Maranhão, tem cerca de 24 mil habitantes e menos de 8% da população tem emprego formal. A cidade, localizada a 270 km de São Luís, é uma das últimas colocadas no ranking de desenvolvimento humano no país.

O agricultor Carlos Alberto Vieira Conceição, de 53 anos mora no município com a esposa, o filho, a nora e o neto. A renda da família é de R$ 280 por mês do Bolsa Família, mais R$ 320 que Jacion Castro da Conceição, o filho, consegue comprando cheiro verde de agricultores da região e vendendo na feira.

O trabalho exige que ele passe horas na moto, e, para amenizar a jornada do Jacion e colocar mais comida na mesa, a família decidiu investir nem um projeto da Embrapa que produz alimentos em áreas bem pequenas, entre 100 e 1500 metros quadrados.

“Eu não quero meu filho fazendo essas viagens que é muito perigoso, aí é isso que eu quero que tenha… cheiro verde, vai ter a galinha, vai ter o peixe, aí vai pra frente mais o quiabo, o maxixe”, projeta Maria dos Santos Castro, esposa de Carlos e mãe de Jacion.

A família de Carlos e outros moradores desta que é uma das cidades mais carentes do Brasil estão vendo neste projeto uma forma de aumentar a renda e diminuir a fome na região. A ideia é que as pessoas carentes produzam o próprio alimento no quintal de casa, no chamado “sisteminha”, que é a integração entre a criação de peixes, aves, hortaliças, frutas e legumes.

sisteminha nasceu há 8 anos, na Universidade Federal de Uberlândia, em Minas Gerais. Ele foi tese de doutorado do zootecnista da Embrapa Luiz Carlos Guilherme. A ideia é que o sistema seja acessível.

“Foi pensado para qualquer cidadão ter sua própria produção de alimentos com a diversidade capaz de suprir todas as necessidades nutricionais de toda a família. O sisteminha foi pensado para pessoas de muita baixa renda, então ele utiliza recursos que ele encontra no entorno”, conta Luiz.

Na residência da produtora Dariele Dutra, também em Urbano Santos, o sisteminha ocupa uma área de 280 m² e já funciona há dois anos. No começo, ela não acreditava que poderia dar certo.

“Mas quando a gente começou a trabalhar, colocou a mão na obra, ver que um se encaixava com outro, que a água do açude se encaixava com a irrigação, que da horta tirava o húmus que era das minhocas, que foi se encaixando um com o outro, hoje a gente já não tem dificuldade”, relembra.

Darielle agora produz as próprias mudas e o próprio regador, mas a alegria dela é conseguir botar comida na mesa da família.

“Minha maior satisfação é ver meus filhos dormindo, dormindo, saber que eles estão de barriguinha cheia”, comemora Darielle.

4600 famílias beneficiadas só no Brasil

O projeto do sisteminha foi parar internet e já foi implementado no Piauí, Maranhão, Ceará, Tocantins, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco. São cerca de 4600 famílias beneficiadas.

Desde o início do projeto, o celular do zootecnista da Embrapa José Carlos Guilherme recebe depoimentos de pessoas que acreditaram no sistema. O agricultor Marcio, da Bahia, disse que é possível conseguir quase R$ 4 mil de renda com o sisteminha. A Deusione, do Piauí, disse que é “rica” por saber poder escolher o que vai comer.

O sisteminha também já atravessou o oceano e ajuda famílias de países africanos como: Camarões, Etiópia, Tanzânia, Gana, Uganda, Angola, Senegal e Moçambique.

O criador do projeto está satisfeito com os resultados, principalmente com o resgate da autoestima da população mais carente do país.

“O ideal é que as famílias pudessem fazer um desagravo a fome, [conseguir produzir] no fundo do quintal da sua própria casa, sem a dependência do emprego. E tendo um trabalho que possa valorizar a família, resgatando a autoestima e a dignidade de ter a alimentação para os filhos”, explica Luiz Carlos Guilherme.

Como funciona

O sisteminha é parecido com a linha de produção de uma fábrica. Em cada fase, algo é acrescentado. Toda a estrutura do sistema custa entre R$ 5 mil e R$ 8 mil, investimento do próprio bolso do agricultor ou de programas públicos para famílias de baixa renda, como ocorre no Maranhão.

“A gente tem parcerias com várias Prefeituras municipais, com governo do estado também em âmbito de vários projetos. A gente está aqui voltado exclusivamente para a agricultura familiar, é pensando nesse agricultor que é mais suscetível que não tem o suporte do governo”, conta o técnico da Embrapa José Soares Bezerra Júnior.

O projeto do sisteminha só foi possível graças a uma invenção simples: um balde, um cano de PVC, uma mangueira de limpeza de piscina e uma garrafa pet. Esses itens formam o biofiltro, que é o coração de todo o sistema. O equipamento permite que um tanque com 10 mil litros de água produza 40 kg de tilápia a cada 90 dias.

Já a estrutura do tanque é composta por uma armação principal, que pode ser de madeira ou até bambu, tem forma de círculo ou retângulo, o papelão serve de parede, a argila faz o acabamento, em alguns casos pode ser revestido com plástico para melhorar impermeabilização.

Dentro do tanque, a água com restos de ração e fezes passa por um sedimentador que retém o material sólido. Antes de voltar para o tanque, a água passa pelo biofiltro. No interior, centenas de fios de nylon cheios de bactérias que decompõem a amônia, substância produzida pelas fezes da própria tilápia e que se não for eliminada, mata os peixes.

Parte da água das tilápias é utilizada na irrigação, pois é um biofertilizante que contém nutrientes importantes como nitrogênio, fósforo potássio, cálcio e magnésio, basicamente tudo que a hortaliça precisa pra se desenvolver.

A plantação é escalonada, ou seja, o plantio é feito aos poucos, assim a colheita é gradual, para não faltar nem sobrar alimentos.

O sisteminha conta ainda com galinhas para carne e ovos. O esterco desses animais vira compostagem e, depois de um tempo curtido, vai para um minhocário e se torna húmus, um adubo natural.

Mas existem dificuldades na região de Urbano Santos, como conseguir alevinos e ração baratos e em pouca quantidade. Um problema que vem sendo contornado com a parceria com fábricas de ração, elas criaram um combo, fornecem 150 alevinos e a ração pelos noventa dias por uma valor médio de R$ 160.

Fonte: Globo Rural

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