Por Fabiano Peixoto
A situação em Marataízes é crítica. A cidade, que conta com um orçamento de R$ 427 milhões, enfrenta cortes drásticos em serviços essenciais e no atendimento à população, gerando preocupações e insatisfação generalizada. Nesta terça-feira (22), cerca de 70 servidores comissionados foram exonerados, o que surpreendeu muitos, já que se esperava que os desligamentos ocorressem apenas no final do ano. Esses cortes são parte de uma contenção de despesas que vem afetando várias áreas da administração pública.
Entre os serviços impactados estão a redução da cesta básica e do programa Vale-Feira, fundamentais para o apoio alimentar de muitas famílias. Além disso, o contrato de ambulâncias que atende o município está prestes a expirar, e caso não seja renovado até o final do mês, Marataízes poderá ficar sem esse serviço essencial. O cenário é ainda mais preocupante com a paralisação de atividades de servidores e empresas terceirizadas que prestam serviços ao município.
A crise na saúde é uma das mais graves. Famílias com crianças em situação de vulnerabilidade, como as que necessitam de tratamento contínuo para condições atípicas, estão sem atendimento adequado. Profissionais de saúde especializados, como neuropediatras, que são fundamentais para diagnósticos e a prescrição de medicações oferecidas pelo Estado, estão em falta. Para muitos, como mães de crianças com necessidades especiais, o custo do tratamento pode ultrapassar R$ 10 mil mensais – um valor que está fora do alcance da maioria dos moradores.
A falta de médicos, medicamentos e até mesmo de transporte para pacientes agrava ainda mais a situação. Recentemente, o relato de uma mãe de duas crianças atípicas chamou atenção ao descrever a dificuldade de acesso a terapias essenciais e à medicação que seus filhos necessitam. Em outro caso, uma biópsia de um paciente com suspeita de câncer foi cancelada devido à atual situação financeira do município.
Durante a sessão da Câmara de Marataízes, realizada na noite desta terça-feira (22), o vereador Cleverson Maia (Podemos) fez um pronunciamento contundente sobre a situação. Segundo o vereador, os gastos excessivos realizados durante a campanha eleitoral estão agora refletindo na gestão pública. O prefeito foi denunciado no Ministério Público por indícios de crime eleitoral e por violar a Constituição, que garante o direito à saúde como um serviço universal. A representação acusa a administração de negligência e má gestão, que estariam resultando na precarização dos serviços e na retirada de direitos básicos da população.
O uso do Consórcio de Saúde Expandida Sul (CIM), que deveria ser complementar ao sistema municipal, tornou-se uma dependência para mais da metade dos serviços de saúde prestados em Marataízes. Contudo, a recente onda de cortes abalou essa estrutura já frágil. Embora alguns profissionais tenham sido reintegrados para manter as unidades de saúde abertas, a cidade se encontra em uma situação crítica.
Moradores temem que, se a situação continuar, a saúde pública entrará em colapso por completo. Serviços essenciais, como exames, diagnósticos e até tratamentos de doenças graves, estão sendo interrompidos. “Estatisticamente, pessoas vão morrer”, desabafou Cleverson Maia, expressando a frustração com o cenário caótico da cidade.
Com a arrecadação em alta, muitos questionam a real necessidade dessas medidas severas de contenção de despesas e apontam para a má gestão dos recursos públicos. Enquanto isso, a população sofre as consequências, sem perspectiva de melhora a curto prazo.
