Coraline e Pedrinho estão na escola, em uma atividade corriqueira, de pintura. Até que o menino pede emprestado o lápis “cor da pele”. Antes de escolher o lápis e entregar a Pedrinho, Coraline reflete sobre o pedido e suas múltiplas respostas. A menina analisa o conteúdo da sua caixa de lápis de cor: há 12 deles, de 12 cores diferentes e com 12 nomes com os quais ela está mais que familiarizada. Mas a tal “cor de pele” Coraline não consegue identificar.
Na narrativa que se segue, o escritor Alexandre Rampazo desfila em diversos tons as ideias da criança sobre cores e pele, extrapolando o real e permeando o campo da fantasia. Coraline puxa de seu imaginário infantil os seres que conhece, procurando se lembrar de quais cores eles têm. Os lápis colorem ainda alguns sentimentos, oferecendo mais uma gama de possibilidades para o uso das cores. Depois de muito pensar, a menina acaba por surpreender seu amigo Pedrinho de uma forma muito peculiar.
Essa história ganhou forma, cores e pequenos atores no Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Carlita Corrêa Pereira, que fica no bairro Piedade. O projeto institucional da unidade de ensino tem o tema “Cor, Igualdade e Arte”. A apresentação, uma releitura do livro, contou com a presença de familiares para prestigiar as crianças.
“A partir de uma série de questionamentos, dúvidas e inquietações, representamos com a participação das crianças da escola num teatro leve ‘O Cmei Carlita tem COR’, explorando o respeito e a diversidade étnica, um assunto culturalmente necessário para a sociedade contemporânea. Finalizamos com um lindo desfile de todas as crianças num viva à diferença, a beleza, as cores e a igualdade aqui presentes”, destacou a diretora Maria Luiza Martins.
Aplausos
Pela manhã, a protagonista da história foi Yara Catarina Rosindo de Souza, do grupo 6. Já no turno vespertino, também do grupo 6, coube à Iza Gabriely Vieira Mathias dar vida à Coraline. Pelos aplausos do público ao final do espetáculo, as duas e todos os demais “atores mirins” fizeram uma bela apresentação. A pedagoga responsável pelo trabalho foi Luciane Cruz da Silveira Oliveira.
O painel que apresenta o projeto institucional do Cmei retrata a obra “Morro da Favela”, uma pintura a óleo de 1924 da artista brasileira Tarsila do Amaral. A obra apresenta um casario e pessoas simples, a maioria negra, em um morro com caminhos de terra batida e vegetação natural. A produção do painel foi um engajamento do professor de Artes do Cmei, Douglas Costa, com um grupo de colegas colaboradores, somando professoras e assistentes de educação infantil.
Arte e cultura
O projeto institucional “Cor, Igualdade e Arte”, de acordo com a diretora Maria Luiza, busca potencializar as capacidades das crianças a partir dos processos investigativos, permitindo sentir o mundo, construindo uma relação ética e estética com o saber.
Inspirada no centenário da Semana de Arte Moderna no Brasil, a equipe do Cmei aborda a contribuição dos artistas modernistas e suas obras, assim como a quebra de padrões estéticos e culturais proposto por aqueles artistas, aliado a questões estéticas e culturais afro-brasileiras.
“Este será o nosso objetivo. Durante todo o ano de 2022, os professores de todas as turmas, do Grupo 1 ao Grupo 6, abordarão em seus projetos de sala a temática com a crianças, com propostas diferenciadas e adequadas à cada faixa etária. Para todo o ano estão planejadas apresentações culturais, passeios e diversas atividades relacionadas ao tema”, contou a diretora.
O ponto alto da programação está previsto para novembro, na semana em que é celebrado o Dia da Consciência Negra.
Inspiração na Semana de Arte Moderna e teatro com crianças em escola na Piedade