Por Fabiano Peixoto
Nossa equipe de reportagem investigou a fundo o que há anos intriga os moradores de Marataízes sobre a questão do esgoto no município, especialmente na área central, que concentra a maior parte da população. Consultamos diversos especialistas em meio ambiente e infraestrutura, e o resultado desta investigação revela a falta de transparência e de investimentos na área, comprometendo seriamente a qualidade de vida dos cidadãos.
A gestão do prefeito Tininho Batista (PSB) cometeu erros graves ao urbanizar a cidade sem garantir uma infraestrutura de esgoto adequada, resultando em estações sobrecarregadas e no despejo irregular de resíduos. O governador Renato Casagrande, também do PSB, negligenciou Marataízes por anos, aparecendo agora apenas em período eleitoral, sem apresentar soluções concretas para resolver esses problemas críticos.
Antes de construir elevatórias e redes de esgoto, é fundamental garantir uma destinação final adequada para o esgoto tratado. Atualmente, as duas lagoas de tratamento de esgoto, uma em Marataízes e outra em Itapemirim, não têm capacidade para processar o volume que recebem. Mesmo sob fiscalização rigorosa, essas lagoas não conseguem tratar o esgoto de forma eficaz, resultando em um descarte irregular no meio ambiente.
Esse problema não é recente. Há mais de uma década, o Ministério Público já alertava que a lagoa de Rosa Meireles não tinha capacidade para tratar o esgoto adequadamente. Hoje, Marataízes possui apenas uma estação de tratamento que não comporta todo o esgoto gerado na cidade, sendo que aproximadamente 60% dele é enviado para Itapemirim.
O erro persistente na gestão de Tininho ao longo de 10 anos foi iniciar a urbanização e a construção de redes de esgoto sem primeiro assegurar a capacidade de tratamento. Isso criou um grande problema: não há para onde direcionar o esgoto. Mesmo que as elevatórias fossem construídas, as estações atuais não têm capacidade suficiente para processar todo o volume gerado. Um exemplo desse problema crônico é a estação de bombeamento do Bairro Candinha, que recebe o esgoto da Cidade Nova até o Pontal e o bombeia para a Lagoa de Tratamento de Rosa Meireles em Itapemirim, sem a infraestrutura necessária para um tratamento adequado.
“Primeiro você constrói a estação de tratamento, dimensionando-a e prevendo onde e como descartar o material tratado. Só então se constroem as redes e as elevatórias. A gestão de Tininho fez justamente o contrário, urbanizando os bairros e criando as redes sem se preocupar com a destinação final do esgoto”, resumem os especialistas.