Representar os estudantes, ser o canal de comunicação com os professores e atuar por melhorias na unidade de ensino. Esses são alguns dos objetivos do grêmio estudantil, uma forma de organização dos próprios estudantes estarem mais envolvidos com o dia a dia da escola onde estudam.
Em Maria Ortiz, na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Juscelino Kubitschek de Oliveira, a chapa vencedora da eleição para o Grêmio Estudantil “Alexandre Bianque” tomou posse e, na cerimônia, o ex-estudante que dá nome ao grêmio voltou à escola onde estudou, 12 anos depois, para conversar com a turma que está matriculada hoje.
A unidade de ensino tem hoje 695 estudantes, desde o 1º ano até a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Quem irá representá-los é a chapa liderada por Daniel Correia Basílio, do 8º ano vespertino, eleita por meio de uma votação online, no laboratório de informática da Emef.
“Estou na Emef JKO desde o 3º ano, hoje estou no 8º ano e estou presidente do Grêmio Estudantil. Eu me candidatei por acreditar que nós, estudantes, podemos ajudar nas melhorias da escola, na comunicação entre estudantes e professores. Com isso, a escola pode ser um ambiente melhor para todos nós. O Grêmio é um canal de comunicação com os educadores, além de representar os estudantes da escola, com organização exclusivamente feita por nós”, destacou o presidente do Grêmio Estudantil “Alexandre Bianque”.
Para o coordenador de Acompanhamento aos Conselhos de Escola e Colegiados Estudantis (Coces), Rafael Leite, os grêmios estudantis são uma forma de fortalecer a atuação dos estudantes na escola.
“O Grêmio é uma organização que representa os interesses dos estudantes na escola. Possibilita o debate, a criação e o fortalecimento de inúmeras possibilidades de ação, tanto no próprio ambiente escolar como na comunidade local. É um importante espaço de aprendizagem, cidadania, convivência, colaboração, responsabilidade e luta pela educação de qualidade”, ressaltou ele.
Relato de experiência
Formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes); técnico em Infraestrutura de Transportes pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes); bacharelando em Canto Erudito na Faculdade de Música do Espírito Santo. Fala três idiomas, já visitou 12 países na Europa por bolsa e está planejando estudar fora do Brasil pela música.
Alexandre Bianque é o ex-estudante que dá nome ao grêmio estudantil da Emef Juscelino Kubitschek de Oliveira, onde estudou entre 2003 e 2010. “Hoje, entendo que sou um dos resultados de uma escola de qualidade e de construção não só dos aspectos do ensino, mas dos aspectos de cidadania. Tudo oriundo e gerado no âmbito da escola municipal, o início de tudo”, afirmou ele.
A história de protagonismo estudantil de Alexandre é anterior ao grêmio da unidade. A partir de 2007, então na 5ª série (hoje 6º ano), ele soube da eleição para o Conselho de Escola e decidiu participar. “Obviamente não tinha dimensão do que representava, mas desde criança tive a intenção de apresentar e dialogar sempre sobre aquilo que eu acreditava ser o melhor”, contou.
Então, durante quatro anos ele esteve aprendendo e sempre dialogando com os representantes de todas as turmas da escola, levando as demandas dos estudantes perante o Conselho de Escola. Nesse período, Alexandre Bianque sempre esteve presente nos movimentos estudantis e diálogos promovidos pela Secretaria de Educação de Vitória. Em 2009, foi o representante do município na Conferência Estadual dos Direitos das Crianças e Adolescentes.
“Sempre fui ativo nos diálogos e debates que tivemos no período que estive lá, sobre a reforma, por exemplo, que só aconteceu depois de eu sair da escola, sobre os orçamentos para esporte, visto que eu também fui atleta da escola em todos esses quatro anos e também sempre era ativo na parte esportiva. Por ser um agente ativo no espaço do diálogo, da representação e da luta pelos direitos e anseios dos estudantis, acredito que contribui”, avaliou.
Após a escola
Ao terminar o ensino fundamental, Alexandre Bianque foi aprovado para estudar o Ensino Médio no Ifes, o único estudante da Emef JKO naquele ano a conquistar uma vaga. Nos anos seguintes, o então adolescente quis que outros jovens também conquistassem uma vaga no instituto federal.
“No sentimento de promover que outros também tivessem chance e interesse, voltei durante o Ensino Médio para ajudar estudantes que tinham interesse de participar do Ifes e que de uma certa forma não tinham condições de pagar um curso pré-Ifes exemplo. O importante, e é motivo de alegria, é que logo depois outros estudantes foram aprovados”, disse.
Mais que um agente da mobilização estudantil, Alexandre foi um agente de abertura de horizontes. Por isso, em 2012, quando foi constituído o grêmio estudantil na unidade de ensino, os estudaram votaram e escolheram o nome dele para nominar a organização.
“A minha ida à Emef JKO e apresentar 12 anos depois como estou, o que fui pra essa outra geração, acredito que auxilia e firma a necessidade de participação na vida ativa da escola, das decisões e das lutas por seus desejos e ideais, além da importância e da qualidade da escola pública. Sou fruto total da escola pública”, ressaltou, com orgulho.
Protagonismo na escola: estudantes elegem grêmio na Emef Juscelino Kubitschek