Das 1.596 nascentes catalogadas na Grande Vitória, pelo menos 676 secaram com o longo período de estiagem recente. O mapeamento ainda é precário, tanto que alguns municípios desconhecem a situação atual das suas nascentes, mas bastante preocupante. Ações de proteção como plantio de mudas nativas e cercamento têm garantido a vazão das que resistem.
Um levantamento feito por A Gazeta junto às prefeituras municipais revelou que o município de Viana é o que sai na frente. São 1.500 nascentes catalogadas. Todo esse volume se deve à topografia e à vegetação abundante. Segundo o secretário de agricultura, Ledir Porto, o município tem 100 quilômetros quadrados de floresta e 70% do território é rural, o que fazem de Viana um grande produtor de água.
“Com a seca, 60% das nossas nascentes secaram. Mas desde 2014, já produzimos mais de 450 mil mudas nativas em parceria com o Incaper. Desse total, 200 mil já foram plantadas junto às nascentes. E, atualmente, outras 200 mil mudas estão sendo germinadas”, explica Porto.
Segundo ele, além dos fatores ambientais, esse trabalho também ajudou a preservar 40% das nascentes com água durante a estiagem e também impediu que rios como o Biriricas e o Formate secassem.
Onde a estiagem também tem feito estragos é na Capital. No Parque da Fonte Grande, das 45 fontes catalogadas, 20 secaram, de acordo com o comerciante Claudio Alves da Silva, de 49 anos. Morador do bairro há mais de 10 anos, ele relata que além da seca, a degradação do homem é um dos fatores que mais prejudicaram as fontes. “A água que ainda jorra é desperdiçada”.
O gerente de controle e monitoramento de ecossistemas da secretaria de Meio Ambiente de Vitória, Edson Valpassos, confirma que algumas secaram, mas não consegue precisar quantas. Segundo ele, ao todo existem 50 nascentes em Vitória e seria preciso fazer um levantamento caso a caso. “Mas com a estiagem, algumas secaram sim. Não sabemos quantas”, afirma.
Já a prefeitura da Serra informou, em nota, que iniciou um mapeamento das nascentes no município, em 2014, mas que hoje, dois anos depois, não tem informações sobre isso, já que o trabalho foi suspenso por causa da crise hídrica. A nota diz ainda que a previsão é retomar o mapeamento no ano que vem.
Em Cariacica, o levantamento está no início segundo o secretário municipal de Desenvolvimento da Cidade e Meio Ambiente, Claudio Denicoli. “Mas em três bairros, já catalogamos 40 nascentes”, ressalta.
Para o especialista em recursos hídricos Henrique Lobo, para conservar essas nascentes é preciso recuperar e manter vegetação num raio de 50 metros, além de cercamento onde há animais. “A utilização vai depender muito da vazão, mas a Grande Vitória precisa de barragens nas partes mais altas para armazenar um certo volume de água”, explica.
Nascentes na Grande Vitória
Viana
Fontes
1.500 catalogadas
Situação atual
60% secaram
Vitória
Fontes
50 catalogadas (45 só na Fonte Grande)
Situação atual
A prefeitura admite que algumas secaram
Cariacica
Fontes
40 em três bairros e mapeamento começou recentemente
Situação
Todas têm água
Vila Velha
Fontes
6 nascentes catalogadas
Situação
Prefeitura não soube informar
Serra
Fontes
Não soube informar
Fonte: Gazeta Online