Nascido e criado na roça, no interior de Colatina, Paulo Macarini nunca viu uma seca que tenha causado tantos prejuízos. Ele teve de arrancar quase seis mil pés de café, que morreram por falta d’água. Metade da lavoura da família. “Nunca esperava uma coisa dessa. É a situação mais difícil que a gente viu. Tenho 66 anos, mas eu nunca vi isso na minha vida”, disse. Por outro lado, Paulo reconhece os erros cometidos lá atrás.
“Os culpados somos nós. O ser humano mesmo. Cortamos mata e derrubamos árvores”, declarou. Era assim que pensava a maior parte dos produtores rurais, durante décadas. Aumentar a área de produção a qualquer custo. Florestas foram desmatadas. O solo foi sugado ao extremo com o manejo inadequado das lavouras, principalmente na pecuária, como aponta o engenheiro florestal César Carvalho.
“Hoje a atividade que vem causando uma degradação muito grande é essa pecuária extensiva, extrativista, deixa o solo exposto, que sela, que compacta. Isso é altamente degradante. Sessenta por centro de nosso Estado tem essa área que não posso chamar nem de pastagem. Isso é um processo de desertificação”, explicou.
Na Região Noroeste, uma das mais prejudicadas pela seca no Estado, quase 35% da área agrícola é de terra degrada. Além de improdutivo, o solo desmatado não retém a água. E quando vem a chuva, leva a terra fértil, provoca deslizamentos e alagamentos. O professor Abrahao Elesbon, pesquisador de hidrologia e recursos hídricos, exemplifica com a bacia do Rio Doce.
Fonte: Rádio CBN Vitória