Centenas de profissionais de educação, nomeadamente, professores, pedagogos e diretores das escolas municipais de Barra de São Francisco receberam na noite desta terça-feira, 12, o diagnóstico do projeto Educação em Movimento, feito na semana passada com alunos do 1º ao 9º nono ano do ensino fundamental nas 31 escolas da rede.
A secretária municipal de Ensino, Delma do Carmo Ker e Aguiar, passou cerca de uma hora detalhando os dados e gráficos produzidos a partir das avaliações feitas pela equipe do projeto Educação em Movimento, que foi reestruturado para atender ao novo formato de avaliação federal do ensino básico, que agora vai avaliar os alunos desde o 2º até o 9º ano do ensino fundamental, todos os anos.
O novo método de avaliação deverá ocasionar alterações de notas no Sistema de Avaliação do Ensino Básico (Saeb) e no Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico (Ideb), indicadores que são essenciais para a melhoria da educação.
Delma usou como base para a palestra e apresentação de resultados, o livro O Desafio do Mar, do escritor Vilmar Berna, que faz a analogia da construção de um navio com o desenvolvimento humano (gestação, infância e adolescência).
A partir da primeira viagem outras analogias são feitas entre a quantidade e qualidade das viagens e a maneira de ser de cada um responsabilizando cada um de nós pelo caminho.
Incentivando o crescimento, o erro é visto positivamente e o contato com o outro é visto como uma necessidade humana no universo do autor.
No entanto, os números apresentados pela secretária deixaram claro que o desafio dos educadores do município na preparação dos alunos para as provas do Ideb/Saeb são muitos.
Para se ter uma ideia, nos dois últimos, nenhum aluno chegou ao nível ‘adequado’ – aproveitamento de 90% a 100% de aprendizagem das disciplinas Matemática e Língua Portuguesa, que são avaliadas nas provas do sistema. E pior: No nono ano, apenas 45% atingiram o aprendizado ‘básico’ em Língua Portuguesa e 20% em Matemática.
A situação é muito parecida com a do oitavo ano, onde nenhum estudante atingiu o índice ‘adequado’, 20% chegou ao nível básico em Matemática e outros 32% em Língua Portuguesa.
“Com essa avaliação do nosso desempenho, podemos ver onde tivemos mais fragilidades, saber como podemos crescer, como podemos melhorar nosso desempenho. O número de professores novatos na rede aumentou muito, professores que não têm experiência, que precisam de orientação e nós, que somos mais antigos, diretores, pedagogos, temos que apoiar, lapidar as ideias dos novatos”, explica.
A coordenadora do projeto, Simone Marques, destaca que o foco para este ano é enfrentar o desafio de preparar os alunos desde o segundo até o nono ano para as avaliações do Saeb e conseguir atingir a meta de um aumentar um ponto percentual no Ideb.
No entanto, ela reconhece que a nota do Ideb que será divulgada este ano, e reflete os dois anos anteriores, onde as aulas aconteceram mais de forma virtual, pode trazer uma queda nos índices já conquistados pelo município. Portanto, o trabalho deste ano, provavelmente, será para recuperar os índices dos anos anteriores.
De acordo com a secretária Delma a partir do diagnóstico, estão sendo dados os primeiros passos para ver o que vai ser corrigido no projeto Educação em Movimento. “O Ideb (resultado) só sai em setembro. No ano passado, tivemos aulas escalonadas a partir de julho, de forma que o presencial não chegou a atingir um trimestre”, observa ela.
Aumento dos alunos
A secretária destacou ainda que pelo menos 150 novas famílias chegaram ao município neste início de ano e houve um aumento inesperado do número de alunos nas escolas, sendo que em uma escola foram mais 22 alunos de uma vez.
“São muitas famílias de municípios próximos. Para se ter uma ideia, só no bairro Colina chegaram oito famílias Mantenópolis, temos pelo menos 15 famílias de Água Doce do Norte que se mudaram para Barra de São Francisco, sem contar gente de vários outros municípios capixabas, próximos ou distantes e de Pernambuco, Rondônia, Rio de Janeiro”, exemplifica.
Delma explica que esse aumento de alunos, média de 12 alunos a mais por escola, só de transferências, trouxe uma situação difícil para o município que, agora, tem que equacionar os recursos para não deixar cair a qualidade da alimentação escolar, manter a higiene e limpeza de forma satisfatória, adquirir os materiais didáticos e de manutenção e, ainda, aumentar as linhas do transporte escolar, já que em algumas localidades, onde não havia alunos, agora eles apareceram.
“Soma-se a isso, a falta de profissionais de educação no mercado e também de cuidadores, que são essenciais para o novo momento. Pra se ter uma ideia, tivemos um aumento muito expressivo de alunos com necessidades especiais, que exigem um ou mais cuidadores na sala de aula e, quando conseguimos pessoas para trabalhar, temos que dar a elas a formação necessária. Hoje, a rede municipal de ensino já tem mais de 300 alunos nessas condições”, observa.
Para Delma, o ano de 2022 será um ano muito complicado na rede municipal de ensino, exigindo muita dedicação dos profissionais e a preparação para o ano que vem, quando os problemas poderão ser mitigados.
“Vamos ter que enfrentar esses desafios motivando o nosso quadro de profissionais e buscando soluções criativas para manter a qualidade do ensino, até mesmo porque, a partir deste ano, teremos a inclusão dos alunos do ensino fundamental na avaliação da Educação Básica (SAEB), exceto primeiro ano, o que é determinante para a medição da qualidade da educação dos municípios e a obtenção de recursos”, finaliza.
Fonte: Prefeitura Municipal de Barra de São Francisco.
Diagnóstico mostra que Semed terá muito trabalho para melhorar nota dos estudantes nas provas do Ideb