
A cabeleireira Mel Correa, de 50 anos, chamou atenção de quem passava pela Casa do Cidadão de Vitória com uma placa de protesto. A manifestação silenciosa e solitária era contra um pastor, que impediu Mel de entrar na igreja que frequentava no Centro da capital. O motivo? Mel é transexual.
“Se Deus prega o amor, se Jesus manda amar uns aos outros, por que ele me odeia?”, questiona a cabeleireira, que diz já ter sido arrastada para fora do templo pelo próprio pastor.
“Ele me chama pelo meu nome de batismo no microfone para me constranger. Diz que vou para o inferno”, conta, envergonhada, a cristã.
“Já fizeram até campanha de oração pedindo para Deus me matar”, diz, já com olhos cheios d’água.

Desde que foi expulsa, Mel fez o cartaz e vai para a porta da igreja denunciar os abusos. Segundo ela, há fiéis que apoiam o protesto e dão forças; outros são contra, já que “o pastor é o líder deles”, determina a cristã.
Com 50 anos, Mel explica que sempre se identificou como transexual e que gostava muito de forró, festa e escola de samba, mas foi “tocada pelo espírito santo e buscou a igreja”.
Uma amiga advogada indicou o templo no Centro, dizendo que lá ela não seria vítima do preconceito que encontrou nas outras igrejas.
“No dia a dia, no meu salão, eu não tenho problema, mas quando decidi ir à igreja, encontrei essa dificuldade. Nem os livros na porta o pastor me deixa comprar”, afirma a transexual. Ela diz ainda que tem direito de buscar o amor de Deus e que luta por isso.
“Quando eu recebi o Espírito Santo eu fui arrastada da igreja, no meio de todo mundo. O pastor me expulsou dizendo que era o demônio. Fiz boletim de ocorrência, o caso está na justiça. A única coisa que eu quero é meu direito como ser humano”, finaliza.
Fonte: Gazeta Online