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quinta-feira, maio 16, 2024
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Veja: ex-reitor do Santuário escreve carta emocionante sobre empresário encontrado morto em Anchieta

Pe. Cesar Augusto dos Santos, SJ,

O ex-reitor do Santuário Nacional de São José de Anchieta, Pe. Cesar Augusto dos Santos, SJ, escreveu e publicou em sua rede social, neste domingo (12), uma carta emocionante sobre o empresário e ex-vice prefeito de Anchieta, Juarez Leite (im memorian), encontrado morto na manhã da última segunda-feira (6), no seu próprio hotel na Praia de Ubu.

Veja a carta:

“CARTA AO AMIGO JUAREZ LEITE

Querido amigo Juarez,

Com muitas dificuldades em entender seu gesto na madrugada do dia 6, mas apenas confiando na misericórdia do Coração de Jesus, quero conversar com você. Não vou julgá-lo, primeiro porque não sabemos o que se passa no coração das pessoas, é um terreno onde só Deus tem acesso; depois, porque quem pode julgar é Ele, o Senhor, e é Nele que encontro conforto.

Foi Ele quem nos aproximou através de Seu querido filho José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil e é a Ele, Deus, nosso Pai, a quem quero agradecer sua vida, querido amigo. Os comentários sobre você deixam bem claro o conceito que as pessoas faziam de você: homem bom, do bem, honesto, justo, sério, grande empreendedor e eu, por privar do convívio em seu lar, posso afirmar, esposo e pai amoroso, providente e dedicado.

Baseado unicamente nas palavras de Jesus, como veremos mais adiante e na própria liturgia para os falecidos, trago à mente e ao coração, o que ela coloca na hora em que o corpo do cristão é aspergido com água benta: “ Santos de Deus, vinde em seu auxílio; anjos do  Senhor, recebei na glória eterna este vosso servidor. Cristo, nosso Senhor, te chamou; ele te acolha no paraíso para o descanso eterno.” Certamente, tendo em mente, a parábola do Filho Pródigo, narrada por Lucas 15, 11-32, o Pai misericordioso o acolheu com um paternal abraço e não estava atento ao que você falava sobre suas atitudes e atos discordantes das promessas batismais, porque já conhecia seu coração contrito e sabia o que estava nele; Jesus não disse a você, como disse a Zaqueu que queria estar em sua casa (Lucas 19, 5) porque Ele já estava em sua casa, em seu coração; e nem o Cristo repetiu para você o que disse para Dimas, “Ainda hoje você estará comigo no paraíso” (Lucas 23, 43) porque você já estava lá, à porta de sua casa. Se nós, pecadores e pessoas cheias de limites, sabemos acolher os entes queridos, sejam parentes ou amigos, entendemos suas falhas e imperfeições, não as justificamos, mas as desculpamos, quanto mais Deus, o Sumo Bem, o Amor e Misericórdia não iria acolher um filho que procurou proceder corretamente em sua vida mortal, apesar de seus limites.

Jesus, mostrando que o importante é o gesto de crer nele, não se importa com as críticas dos colegas de Zaqueu e dos circunstantes. A misericórdia é prioridade e foi ela que provocou o gesto de contrição do cobrador de impostos.

Mas ao lado de Jesus estava aquele que você, querido Juarez, colaborou com a Causa, não tanto de canonização, mas da instalação de seu Santuário, o nosso amado São José de Anchieta. Ele certamente agradeceu a você ter disponibilizado os melhores apartamentos do Hotel Pontal de Ubu, quantas vezes o reitor do Santuário lhe pedia e por tempo indeterminado, para hospedar as autoridades eclesiásticas que vinham presidir as missas das Novenas de Anchieta, mas também trazer suas mensagens de carinho e incentivo a uma vida cristã, aos moradores de nossa Anchieta.

Também não posso esquecer o dia em que conversamos sobre a Praia de Ubu não possuir um marco que identificasse onde caiu o corpo de Anchieta, ao ser levado pelos indígenas para Vitória. Você não só se ofereceu para assumir o ônus, mas ajudou na pesquisa para detectarmos o local e nele colocar um cruzeiro, marcando o local, Ubu, onde o corpo do Apóstolo caiu.

Juarez, eu teria tantos casos para relembrar, mas acredito que, nossa amizade recordava bem a de Jesus e Lázaro e sua família. Quantas vezes fui recebido no belíssimo Pontal de Ubu e a acolhida de vocês me proporcionava um excelente descanso. Agora está na hora de Deus ressarcir essa hospitalidade, pois se eu falava “Deus lhe pague!”, chegou o momento da retribuição.

Mas também acolhendo você estava a Mãe de Deus e nossa. Maria, aquela que o Senhor nos deu por mãe no momento extremo da cruz, que você aprendeu a pedir seu socorro em qualquer momento, especialmente no momento da morte, na oração da Ave-Maria. Não nos esqueçamos da literatura brasileira, onde Ariano Suassuna, no Auto da Compadecida, exalta a intercessão mariana.

Chegou o momento dizer adeus, isto é, de dar você a Deus, de devolvê-lo ao Senhor que o criou e nos obsequiou com sua presença. Não é um adeus no sentido de despedida porque a última palavra é dada pela Vida, por Deus, que nos criou para a felicidade eterna. O ocorrido na manhã do dia 6, foi o penúltimo acontecimento; o último será dado pelo Senhor Jesus, o vivente, o ressuscitado. Você foi batizado nele, na fé da ressurreição, portanto seu lugar é na Vida, concretamente, ao lado da Vida! Se em sua vida diária, você seguiu Jesus, o Caminho, a Verdade, a Vida, será nele que nos reencontraremos um dia para o abraço sem fim, todos juntos na Casa do Pai.

Seu amigo e irmão do coração,

Pe. Cesar Augusto dos Santos, SJ.”.

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