Mobilizar os estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) para a apropriação consciente da comunidade e o fortalecimento do sentimento de cidadania, além de perceber e identificar as contribuições dos povos indígenas e do povo negro em nossa cultura.
Nove turmas do primeiro e segundo segmento da EJA da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Professor Admardo Serafim de Oliveira, com sede em Gurigica e turmas em diversos territórios, vivenciaram uma aula de campo em que visitaram monumentos históricos de Vitória. A ação foi planejada numa proposta interdisciplinar de conteúdos entre Educação para as Relações Étnicas Raciais e a disciplina de Arte. O objetivo era identificar produções que estivessem ao alcance das estudantes, e com a aula de campo, conhecer, identificar e conhecer os monumentos presencialmente.
Em sala de aula, os professores trabalharam os monumentos de Vitória por meio de materiais audiovisuais e imagens: Dona Domingas; Iemanjá; Memorial do Centenário da Abolição – Quebra dos Grilhões; Índio Arariboia e a Homenagem à Comunidade Negra Capixaba – Guerreiro Zulu.
Com leitura de textos e imagens, identificação da localização geográfica usando os mapas, contextualização histórica, dramatização com estátuas vivas e produções de textos coletivos e individuais, os estudantes foram reconhecendo esses monumentos e se interessando pelas suas histórias, seus contextos e representatividade.
A partir das questões históricas que atravessam a contribuição do povo negro e dos povos indígenas na formação da cultura capixaba, os próprios estudantes sugeriram a aula de campo, que os levou a um encontro com o artista Irineu Ribeiro, que produziu o Guerreiro Zulu.
“Nessa aula de campo, apresentamos o potencial educativo que a cidade tem para oferecer, através de seus monumentos e manifestações culturais populares. Podemos nos aproximar de uma prática ancestral, criada pelos indígenas e que se mantém na tradição popular, as panelas de barro, mantidas pelas paneleiras, mulheres com muitos saberes a relatar”, contou a professora de Arte Christina da Silva Gonçalves.
Novas perspectivas
A possibilidade de aprender fora das salas de aula chamou a atenção dos estudantes. “Conhecemos o Guerreiro Zulu e foi onde que vimos que havia sido dado em sala de aula: as gavetinhas com o congo e as paneleiras. Gostei muito que o artista estava presente e foi até as paneleiras com a gente. O mestre da arte deu várias explicações sobre a escultura”, relatou o estudante Sebastião Martins dos Santos.
“Saímos e pegamos o povo por aí afora. Seguimos passando pela orla da Beira-Mar. Um momento triste foi o relato sobre a morte das paneleiras por covid na pandemia”, resumiu a estudante Raquel da Cruz Oliveira.
Entre os profissionais que acompanharam as atividades, professoras avaliaram a metodologia como muito positiva para fortalecer o vínculo dos estudantes com as atividades escolares e com a cidade.
“Projeto potente que trouxe para as nossas aulas muitas vivências. Percebemos o protagonismo estudantil atingindo um nível muito bom, pois o conteúdo foi bem recebido entre todos os estudantes”, disse a professora da turma do primeiro segmento Hellen Cristina Morais Felicio.
Atuando na Educação Especial, a professora Vitória Carvalho Cavalcante Amorim também aproveitou a imersão na história e na cultura da cidade. “Tive a oportunidade de conhecer as paneleiras. Tinha o desejo há muito tempo. Amei conhecer!”
“Muito chique conhecer o artista que produziu a obra”, comentou a professora do primeiro segmento Suely Tavares de Freitas.
Estudantes da EJA visitam monumentos históricos de Vitória em aula de campo