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domingo, maio 12, 2024
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O racismo velado e o fardo de mulheres como Domitila do ‘BBB 23’ – Celebridades

Reprodução

Domitila Barros

O Big Brother Brasil 23 começou de forma inédita. Abraçando discursos de pluralidade, a produção do reality selecionou 10 participantes entre camarote e pipoca que se identificam como pretos.

Desde as primeiras semanas do reality as discussões raciais fizeram parte do programa. Nas últimas semanas, Fred Nicácio foi vítima de racismo religioso por parte da jogadora de vôlei Key Alves, o influenciador Gustavo Benedeti e o empresário Cristian. 

Com o “BBB 23” chegando na metade da duração prevista, é esperado que os embates fiquem mais acalorados e haja mais movimentação no jogo. No entanto, o público precisa estar preparado para uma conversa.

A modelo pernambucana Domitila Barros viralizou na internet após fazer uma declaração de como percebia atitudes racistas de Fred Desimpedidos, Larissa Santos e Bruna Griphao. Em lugar de destaque na TV aberta e dentro do maior reality do mundo, Domitila sinalizou que perfis como o de Fred não aceitam que uma mulher preta esteja dividindo o protagonismo.

“É tão dentro deles que a reação já automaticamente ‘[me] incomoda’. Não sabem aonde incomoda, não sabem o porquê incomoda, mas incomoda! A Bruna não é acostumada a concorrer com pessoas como eu. […] Eu realmente incomodo ele (Fred), porque eu não danço as dancinhas dele, eu não rio das piadas dele e eu estou aqui para concorrer com ele. Eu não estou aqui para entreter ele, não estou aqui para servir a ele”. 

Após a última formação do paredão, a casa se dividiu em diversas intrigas. Entretanto, a forma com que os participantes pretos estão sendo tratados chamou atenção dos internautas, para além da própria Domitila, que vive na pele.

Nas discussões, Fred chamou Sarah Aline de maldosa, mesmo após ele a colocar no paredão. Na discussão pós-jogo da discórdia, Fred interrompe Ricardo Alface para dizer ao biomédico que ele é mentiroso e a palavra dele não vale de nada. Na tarde desta terça-feira (7), Bruna Griphao caiu em prantos e berrou contra Ricardo Alface, o chamando de “podre” e “agressivo”.

Todas essas situações compartilham uma semelhança: de um lado, uma pessoa branca, e do outro, uma pessoa negra que ousou se posicionar.

Para a psicologa Monique Machado, especialista em questões e abordagens raciais, o Big Brother Brasil retrata a sociedade brasileira, e, consequentemente, as estruturas de poder e opressão como o racismo.

“Todo o atravessamento social vindo da escravidão influencia muito nas relações de como somos vistos. Essa forma pejorativa e negativa que a branquitude construiu em cima dos nossos corpos faz com que o tempo inteiro a gente seja alvo. Atualmente, eles utilizam muito a linguagem não verbal para destilar os seus preconceitos”.

O tal do “racismo velado”, como Domitila expressou e internautas apontaram, acontece quando a discriminação não está expressa de forma literal como em xingamentos, mas em pequenos gestos que entregam um pensamento de superioridade e inferioridade.

“De forma inconsciente, a sociedade ensinou para a pessoa branca que pessoas negras não deveriam estar ocupando esse lugar de igualdade e o desconforto vem, né? Então, a pessoa negra não pode brigar, não pode discutir, não pode ter opinião contrária. Se a pessoa negra não ocupar um lugar de subordinação, o que o branco espera, causa desconforto e é isso que tem acontecido”, analisou a psicologa Monique. 

A mulher preta raivosa

Mulher, negra e nordestina. Miss Alemanha, fluente em alemão, com prêmios internacionais e uma carreira de prestígio, Domitila entrou no Big Brother Brasil pelo grupo camarote. A representatividade da participante vai além do número de seguidores. 

Domitila não temeu em usar a voz e o poder da exposição para revelar a máscara de alguns participantes, que apostam na voz suave e delicada para inverter a situação e o lugar de erro. “Eu não vim aqui para servir ninguém”, disse Domitila ao voltar do terceiro paredão, na madrugada desta quarta-feira (8).

Mas o posicionamento sempre vem com um fardo. E o fardo de Domitila e de milhares de mulheres pretas que ousam dizer basta é o julgamento sem empatia.

Esteriótipo que foi criado nas raízes da escravidão, mulheres pretas são vistas como agressivas ao expor as dores e feridas. “Tem que ser forte”, é o conselho da sociedade.

Do outro lado, sobra a compaixão para pessoas brancas, como no caso de Gabriel Fop, que mesmo após atitudes abusivas e expressões de violência, foi colocado em um lugar de “menino que não fez por maldade”. 

Mulheres brancas também se beneficiam deste lugar em que lhe reservaram toda a delicadeza e cuidado. Após o posicionamento de Domitila, a miss foi usada como meme, taxada de exagerada, agressiva e “militante”. Para a sociedade, Domitila se desviou do papel tolerável para mulheres pretas, o de mansidão.

“A transformar em meme, falar que ela é doida, nada mais é que um traço do racismo recreativo. E é importante dizermos que esse tipo de racismo não é menos violento por ter esse viés ‘engraçado’. Eu diria que ela não acaba ‘caindo’ nesse esteriótipo, na verdade, ela é empurrada e engolida por ele”, analisa a administradora da página Pretitudes, Nonny Gomes.

Nas redes sociais, perfis famosos levantam discussões sobre a vivência preta no Brasil e no mundo. Sendo o BBB 23 um dos assuntos mais comentados, essas páginas estão utilizando o poder do engajamento para denunciar atitudes problemáticas que não deveriam ser normalizadas. Para Eddy, administrador do perfil Africanize, a escolha por inserir mais participantes pretos no reality escancarou um problema que também é social. 

“Vejo que o Boninho, como estratégia, quis trazer mais pessoas pretas para equilibrar o jogo, mas já sabíamos que com mais pessoas pretas no game o racismo seria ainda mais visível e exposto. Então acaba que ficamos em um fogo cruzado entre levar a crítica/conscientização do racismo e ver nossos irmãos pretos na trincheira sendo violentados e violados de inúmeras maneiras. Por esse motivo, o programa deve pontuar sobre estas ações dos participantes não negros desta edição”, analisou.

De todos os lados e meios

Assim como Domitila percebeu o racismo velado e Nonny Gomes analisou o racismo recreativo por memes, a psicologa Monique Machado traz a problemática do racismo no contexto da saúde mental. 

“O racismo é o maior causador de dano psicológico na população negra hoje em dia. E isso é ancestral, infelizmente, e vai causando vários fatores, desde adoecimentos psíquicos, as doenças psicológicas, como depressão, ansiedade, bipolaridade, ou, o adoecimento físico”.

Monique alerta que pessoas negras ocupam os maiores índices de suicídio, as que mais tem AVC, diabete, obesidade, pressão alta e ataque cardíaco. “Isso também é uma forma de genocídios de corpos negros. Esses atravessamentos de não acesso, os atravessamentos raciais, atravessamentos de questões financeiras também nos adoecem. Então, o racismo é um fator de adoecimento psicológico. As pessoas negras são as que mais têm problemas de cancelamento em massa”.

Procure ajuda

Procure ajuda especializada como o CVV e CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade caso você esteja pensando em cometer suicídio. O CVV ( www.cvv.org.br ) funciona 24 horas pelo telefone 188. Há também atendimento por e-mail, chat e pessoalmente.

Fofoca das Celebridades
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O racismo velado e o fardo de mulheres como Domitila do ‘BBB 23’

Fonte: Confira mais Entretenimento no IG

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