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sábado, maio 11, 2024
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Assistidos retomam estudos e sonham em novos horizontes no Abrigo Emergencial – Notícias de Vitória-ES

A educação é o caminho para superação da condição de rua e no restabelecimento de vínculos familiares e comunitários dos acolhidos. Essa é a aposta da Secretaria de Assistência Social (Semas), por meio do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) e do Acolhimento Emergencial Transitório de Vitória para Adultos e Famílias em Situação de Rua.

Nos dois espaços, funcionam turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) específicas para pessoas em situação de rua. No Centro Pop, por exemplo, de segunda a quinta-feira, das 8 às 12 horas, os alunos recebem atendimento individualizado com atividades curriculares complementares até exercícios de reforço escolar, além de aulas das disciplinas básicas do ensino fundamental.

As turmas são atendidas pela equipe docente da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Admardo Serafim de Oliveira, voltada exclusivamente para o atendimento da EJA.

Recomeço

Aos 52 anos, Wellington Rocha de Oliveira viu na turma da EJA do Centro Pop a oportunidade de retomar os estudos após 38 anos distante de uma sala de aula e sem concluir o ensino fundamental. “Para mim, voltar a estudar é um recomeço Um recomeçar a vida”, descreveu ele, que há pouco mais de cinco meses passou a frequentar o Centro Pop.

“Já havia parado de sonhar. Todos os meus sonhos já haviam ficado para trás até que um dia perguntei se tinha como eu frequentar uma escola. A partir do primeiro dia de aula, meu horizonte ficou diferente”, relatou o aluno.

Hoje, está focado em concluir o ensino fundamental, sair em busca do certificado de conclusão do ensino médio e só parar depois que tiver em mãos o diploma de engenheiro civil.

“Ser engenheiro está no meu sangue. Está dentro de mim. Minha família quase toda vive trabalhando em restaurantes, mas eu sempre quis ser um engenheiro”, afirmou Wellington, emocionado.

Incentivo

Do outro lado da turma está Luan Patrick, de 34 anos, que encontrou na equipe da EJA o incentivo de que precisava para querer aprender a ler, escrever e, em especial, contar. “Eu não ia para escola porque não gostava. Sempre quis estar em outros lugares. Não tinha tempo para estudar. Hoje, o que mais quero é aprender matemática, saber contar”, revelou.

Luan, que vende balas nos semáforos, disse que a falta de estudos o deixa ainda mais sem oportunidade de trabalho e renda. “Só sei contar até dez. Não consigo dar troco nem identificar as notas maiores. Na hora do troco, fica muito difícil”, admitiu.

Esforço

Na sala do EJA do Centro Pop, que atualmente tem 12 alunos matriculados, é possível acompanhar o esforço das alunas Daiana Mary e Ludmila Baptista Lourenço para avançarem na grade curricular. Daiana, que há 23 anos parou de estudar no sexto ano do ensino fundamental, sonha em cursar uma faculdade de Psicologia e, também, prestar concurso para atuar no Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo.

Já Ludmila espera se tornar um orgulho para a filha. “Minha filha de 18 anos passou na faculdade e vai cursar Pedagogia. Quero estudar e ir avançando para sonhar em conseguir um diploma também”, comentou ela, que retornou às aulas da EJA este ano, após se afastar das aulas no ano de 2020.

Emoção

Na turma do turno noturno do EJA do Acolhimento Emergencial Transitório de Adultos e Famílias em Situação de Rua – que acolhe 40 pessoas em situação de rua – , entre os 17 alunos inscritos, Ivanete Gonçalves Vieira, de 49 anos, destaca-se pela força de vontade em aprender.

Em situação de rua desde os cinco anos de idade, Ivanete contou que nunca frequentou uma escola, jamais teve apoio familiar para se dedicar aos estudos e, por conta disso, sempre teve dificuldades em se expressar e vergonha de procurar uma escola.  Mas, há seis meses, quando chegou ao Abrigo, Ivanete disse que viu uma oportunidade de mudar sua história.

“Minha vida foi sempre de muito sofrimento. Desde pequena, sofri muita violência física e psicológica. Sofri abuso. Eu morava debaixo da ponte da Vila Rubim. E, aos 12 anos, fugi de lá e das garras da pessoa que dizia cuidar de mim. Aí fui viver sozinha nas ruas. Agora, aqui, encontrei o apoio, a acolhida e o incentivo para estudar e, até mesmo, sonhar em chegar em uma faculdade”, falou, emocionada.

Ivanete revelou que quer aprender a falar “bonito”, revelando sua dificuldade em pronunciar algumas palavras. “Quero falar certinho. Quero saber conversar certinho. Hoje, ainda tenho vergonha”, expressou. 

Educação

A secretária de Assistência Social, Cintya Schulz, disse acreditar que a educação é um dos caminhos possíveis para que essa parcela da população tenha, também, condições de superar a situação de rua.

“Essa parceria e interlocução com as equipes da Secretaria de Educação (Seme) são fundamentais para assistir a população em situação de rua. Ter o envolvimento de outras políticas é essencial para que o plano individual de atendimento (PIA) de cada pessoa seja efetivado”, defendeu a secretária.

Prefeitura de Vitória ES


Assistidos retomam estudos e sonham em novos horizontes no Abrigo Emergencial

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