Antônio Lemos, de 57 anos, Julismar Batista, 33, Jamilton Almeida, 33. Três homens, três histórias diferentes, três trajetórias distintas, que tem em comum a vivência no Centro de Referência para Pessoa em Situação de Rua (Centro Pop) como ponte no resgate a direitos, de acesso a outros serviços públicos e inclusão social.
Aos 57 anos, Antônio Lemos se tornou no cuidador oficial das plantas do Centro Pop. Mas, por problemas na vista começou a abandonar os cuidados com os jardins do espaço. O distanciamento gradativo chamou atenção da equipe técnica que foi atrás dos motivos desse abandono. “Uma catarata – – doença dos olhos em que a visão fica opaca – em nível elevado”, disse a coordenadora do Centro Pop, Danielle Solano.
Com a constatação, a hora foi mobilizar a equipe para articular, acionar a rede socioassistencial para viabilizar a cirurgia corretiva. “O papel da Assistência Social é de viabilizar a garantia dos direitos”, disse Danielle. Foi assim que Antônio realizou a cirurgia de um dos olhos e, agora, aguarda o procedimento no outro e voltar a cuidar das plantas.
Para Julismar e Jamilton, usuários do Centro Pop, a mobilização da equipe foi para uma ação de resgate da autoestima de cuidados pessoais básico para muitos, mas para eles é coisa que fica em segundo plano: o corte de cabelo e barba. “De cabelo cortado me sinto bem melhor, mais leve. Arrumadinho me sinto melhor”, disse Julismar.
Segundo ele, o gesto de levar para cortar o cabelo representa muito. “O Centro Pop tem sido um pai e uma mãe para mim. Tenho apoio que preciso para reerguer novamente”, disse Julismar. O usuário contou que o tempo que passa no espaço recebeu apoio para fazer os cursos de porteiro, assistente financeiro, além de participar de atividades extras onde pratica a religiosidade.
“Já me vejo melhor, com mais orgulho de mim. Estou recebendo alimentação e outros cuidados, assim fico mais forte e mais saudável”, contou ele.
Jamilton Almeida, ques está há pouco mais de quatro meses em situação de rua e há um participando das atividades no Centro Pop, disse que a oportunidade de receber cuidados pessoais ajuda a manter a autoestima. “No Centro Pop me sinto abraçado como numa família. Com eles, me sinto mais feliz. Eles me aceitam e vê a gente como ser humano”, disse ele.
Em sua vivência na rua, Jamilton falou que “a maioria das pessoas discriminam. Vê a gente com outros olhos. Sei que muitos não ajudam, porque outros estragaram o caminho. Aí julgam a gente pelo erro de outros, entende?”, relatou.
Na opinião dele, a pessoa em situação de rua precisa de trabalho, auxílio e apoio emocional para sair dessa condição. “Cai de paraquedas, mas as coisas já estão melhorando. Eu sei que consigo. Tem um monte de gente à toa que poderia ser aproveitado para trabalhar. Eu, por exemplo, sei construir casa, capinar, pintar parede. Não quero dinheiro de graça. A gente precisa de trabalho e diversão”, declarou Jamilton.
A secretária de Assistência Social, Cintya Schulz, ressalta que a política de Assistência Social juntamente com outras políticas públicas trabalha para atender as demandas da população de rua.
“O Centro Pop é um equipamento com equipes comprometidas com as pessoas em situação de rua e que trabalha pela superação desta condição articulando diversos serviços e políticas públicas”, acrescentou a secretária Cintya Schulz.
Centro Pop: uma ponte para superação