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quinta-feira, maio 9, 2024
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Centros de Vivências são espaços de acolhimento para adolescentes na capital – Notícias de Vitória-ES

Quantas adolescentes você já conhece ou convive? Quais os sonhos, as brincadeiras, o modo como se vestem e se divertem?

Ao ler as histórias de N. A.L., R. e C., que estão acolhidas no Centro de Vivência 3, localizado em Santo Antônio, vai descobrir que qualquer semelhança não é mera coincidência. É constatação que as diferenças estão no fato delas estarem sob medida de proteção.

Outra diferença é que elas serão modelos da exposição fotográfica que está sendo montada pelo Serviço Família Acolhedora da Secretaria de Assistência Social (Semas), como parte da campanha de divulgação para encontrar famílias para acolhê-las em suas próprias casas de maneira temporária.

A exposição, que está sendo produzida pela fotógrafa Tatiane Pezzin, será itinerante e prevista para percorrer a partir do próximo mês os principais shoppings de Vitória.

O Centro de Vivência 3 é o espaço de acolhimento de crianças e adolescentes, de 12 a 18 anos, preferencialmente do sexo feminino, exceto, quando se tratar de grupo de irmãos. O CV3, junto com mais oito (CV, CV1, CV2, CV4, CV5, Casa de Acolhida, República Feminina e República Masculina) e o Serviço Família Acolhedora, compõe a rede da Assistência Social de Vitória para acolhimento de crianças e adolescentes em situação de negligência ou violência (física, sexual, psicológica, entre outras).

Pelos olhos das moradoras

Vivendo no CV3, essas crianças e adolescentes levam uma vida comum. Sim, uma vida igual a de qualquer outra adolescente. Elas estudam, passeiam nos finais de semana, algumas delas fazem estágio, gravam vídeos nas redes sociais, tem rotinas e tem que seguir regras como as estabelecidas pelas famílias que vivem em qualquer outra casa. E, é claro, como qualquer outra criança e adolescente, também questionam.

As que estão no CV3 foram afastadas, por decisão judicial, de suas famílias de origem por conta da vulnerabilidade que se encontravam no local onde viviam.

Há 12 anos acolhida no local, C., é a que está no espaço faz mais tempo e, apesar disso, ela ainda acha o lugar muito legal. “Estar no CV3 é estar na minha casa. Aqui, tenho a oportunidade de conviver e conhecer pessoas diferentes. Aprendo muito, principalmente, a ter um relacionamento amigável com todos”, disse ela.

C., que foi diagnosticada com Epidermolise Bolhosa (EB), diz que fica feliz ao acordar e saber que tem pessoas como Tia Chai ao seu lado. Tia Chai é o apelido dado pelas meninas a educadora social Charlene Alves, que atua há quatro anos no local. No espaço, a jovem gosta de escrever e pintar, o que diz ser suas maiores paixões.

Como qualquer outra jovem, C. admite que tem seus dias de rebeldia e revolta. “Sabe, o ruim aqui são as regras. Amo chocolate. E, elas não me deixam comer, às vezes, até tentam fazer algo parecido, mas não é chocolate. Fico com raiva, mas depois entendo que é para o meu bem. Aí passa”, contou ela, sorrindo.

Sonhos

A adolescente R., de 13 anos, está no CV3 há pouco mais de um ano, e já diz que o local é sua casa. Ela está no abrigo junto com as irmãs N. (10), M. (15) e E. (17). Como muitas adolescentes da sua idade, R. é apaixonada por futebol, ama imitar dancinhas do Tik Tok e sonha conhecer a jogadora de futebol feminino Marta, o capixaba Richarlison e ganhar o uniforme do seu time do coração: Flamengo.

R. está no sexto ano do Ensino Fundamental e, nas horas vagas, joga futebol, treina com um time no bairro vizinho, participa de campeonatos e acumula títulos. Depois de um tempo de conversa, a adolescente revela que tinha receio em ir morar no abrigo.

Ao perceber meu olhar questionador, R. explicou: “Achava que era igual ao que eu via na televisão. Na novela (Chiquititas) era um orfanato e tinha uma mulher muito má. Aqui, é diferente. Não é ruim e me sinto muito feliz. Aqui, é uma casa, com regras e tudo igual a qualquer outra casa”. Gravada entre 1997 e 2000, a novela infantil contava a história das oito meninas que viviam em um orfanato dirigido por uma diretora vilã.

N. (10) também tinha o mesmo receio que a irmã, mas hoje afirmou gostar de estar no local. “Achava que queriam tirar minha mãe de mim. Ficava magoada, triste. Quando eu entendi que era para me proteger, comecei a aceitar. Sei que é só por um tempo. Aqui tem muitas meninas. Com elas aprendi muitas coisas novas e, tornou os problemas mais leves”, disse ela.

Apesar dos problemas, N. mantém aberta a “gaveta” de sonhos. Foi só participar do ensaio fotográfico e ter contato com a câmera da fotógrafa Tatiana Pezzin para dizer: “Quero ser fotógrafa”. Ao ser questionada, ela foi imediata na resposta: “É raro eu tirar fotos. Eu não tenho muitas. E, como fotografa, vou registrar os momentos”, explicou.

E quais momentos seriam esses? N. é ainda mais direta. “Os finais de semana, quando fico na casa da minha família. Lá vejo meus outros irmãos, minha tia e meu avô”. N. é a décima filha, do total de 11 irmãos – com idades que vão de 25 anos até os caçulas (gêmeos) de sete anos de idade.

A menina fez questão de dizer: “Tia, sabe eu não tenho vergonha de dizer que moro aqui, num abrigo. Eu não ligo de dizer. É uma casa. É um endereço como outro qualquer”, falou ela, com naturalidade.

E como essa mesma naturalidade a pequena A.L., de 8 anos, sendo os dois últimos vividos no Centro de Vivência, ao ser perguntada se se sentia em casa ali, ela foi rápida em consertar. “Eu não me sinto em casa. Eu estou em casa”, frisou A.L.

“Eu me sinto muito feliz e bem morando nesse local. Sou uma menina feliz. Eu cheguei com muita vergonha, mas peguei amizade com as outras meninas (e começou a chamar uma a uma). Os dias ainda mais felizes são os que tem arroz, feijão e carne frita e, os dos plantões da Tia Chai”, contou a menina. Se auto definindo como boa aluna, A.L. disse ainda que sonha em ser médica veterinária.

Ambiente de cuidados

Para a gerente de Proteção Social de Alta Complexidade Anacyrema Silva “é imprescindível que, enquanto o acolhimento for necessário, é fundamental ofertar à criança e ao adolescente um ambiente e cuidados facilitadores do desenvolvimento, de modo a favorecer, seu desenvolvimento integral; superação de vivências de separação e violência; apropriação e ressignificação de sua história de vida; e o fortalecimento da cidadania, autonomia e a inserção social”.

A secretária municipal de Assistência Social, Cintya Schulz, ressaltou que crianças e adolescentes que por medida judicial precisem estar em um abrigo encontram em nossa capital o acolhimento de uma equipe de trabalhadores do SUAS, o que é essencial nesse momento de suas vidas.

“A exposição vai ajudar a mostrar pra sociedade o cotidiano dessas crianças e adolescentes e a divulgar o Serviço Família Acolhedora, que é outra opção, podendo estar acolhidas com famílias que estejam habilitadas a recebê-los”, destacou ressaltou a secretária.

Prefeitura de Vitória ES


Centros de Vivências são espaços de acolhimento para adolescentes na capital

Foto Destacada na Matéria sobre “Prefeitura Municipal de Vitória”

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