A Secretaria de Educação de Vitória (Seme) promoveu, nesta sexta-feira (29), o evento “Comportamentos Desafiadores no TEA: Reconhecimento e Abordagem”, reunindo mais de mil pessoas entre profissionais da educação, diretores das unidades de ensino de Vitória, especialistas no tema e autoridades da sociedade civil, na Igreja Evangélica Batista de Vitória, em Jardim da Penha.
O espaço foi cedido gratuitamente, sendo escolhido pela pasta por ser um espaço da capital com a infraestrutura necessária para receber até 1,3 mil pessoas, podendo atender a grande procura e interesse das pessoas pelo tema.
O principal objetivo do evento foi sensibilizar a comunidade escolar, oportunizar a socialização de estratégias pedagógicas que sejam inclusivas e, acima de tudo, acolher as diferenças. Para isso, a plateia contou com uma palestra de Paula Pazolini, promotora de Justiça do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), e do médico Thiago Gusmão, neurologista, especialista em autismo e mestre em análise do comportamento.
Para acolher o grande público e dar início ao evento de forma inspiradora, os estudantes com altas habilidades/superdotação, Pedro Batista e Valentina Portes, do 4º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Álvaro de Castro Mattos, realizaram junto com o professor João Almeida, que é cego e atua dando aulas de Música na rede de ensino de Vitória há 11 anos, uma apresentação musical marcante, que emocionou a plateia.
A secretária de Educação da capital, Juliana Rohsner, falou sobre a importância do evento e saudou todos os presentes. “É uma grande responsabilidade estar com tantas pessoas aqui, que estão buscando um conhecimento tão importante. Gostaria de agradecer a todas as autoridades presentes, e espero que todos sintam-se acolhidos. Fico muito feliz por estarmos aqui hoje enquanto sociedade civil, juntando forças em um momento de uma escuta respeitosa e de troca de experiências. Hoje estamos celebrando um momento ímpar na nossa educação, temos aqui profissionais da educação de todo o estado, e espero que a partir deste momento possamos construir uma inclusão verdadeira. A inclusão nunca foi fácil, mas ela é uma escolha. Uma escolha que a gente faz todos os dias. Lugar de criança é na escola e a escola é para todos. Mas não apenas atendendo aos cumprimentos legais, não basta a criança estar dentro do espaço escolar, ela precisa de fato estar incluída”, destacou a gestora.
Em seguida, Paula Pazolini, atuante na mobilização pelos direitos de pessoas com transtorno do espectro autista, apresentou casos, relatos a respeito do autismo, destacando que a inclusão só será de fato garantida com a parceria efetiva de todas as áreas da sociedade civil.
“É um privilégio falar de um assunto tão singular para a nossa sociedade. Preparei com todo o carinho uma palestra para falar sobre as minhas experiências como promotora criminal, para vocês verem como esta é uma questão ampla, e que todas as áreas estão envolvidas. Só é possível incluir juntos. Nós não temos dois mundos. Não temos um mundo de pessoas típicas e atípicas. E essa igualdade não passa apenas pelo cumprimento da lei, é preciso tirar do papel e concretizar a garantia do direito. A constituição diz que todos devem ser tratados de forma igualitária”, declarou.
Dentre as questões pertinentes trazidas pela palestrante, a necessidade de incluir o tema no treinamento dos órgãos dos poderes públicos foi destaque.
“Como eu posso falar, dar um parecer sobre autismo, se eu não entendo o que é o autismo? Precisamos trazer essa conscientização para dentro dos órgãos públicos municipais e estaduais. Esse é um desafio não só em nosso país, mas no mundo todo. E por isso a importância de reunir todos vocês aqui hoje, principalmente os profissionais da educação, que formam a base da educação em nosso país. É a partir da escola, da família, da união da sociedade que conseguiremos garantir essa inclusão”, destacou.
Comportamento desafiadores no TEA
Por sua vez, o médico Thiago Gusmão abordou em sua fala sobre a atualização e novos conceitos do TEA (Transtorno do Espectro Autista), ressaltando a importância do diagnóstico precoce e as novas pesquisas existentes sobre o tema. O palestrante também frisou o aumento do número de casos diagnosticados do transtorno.
“Eu tenho o maior prazer em falar para professores. Muitas vezes as crianças passam cerca de 20 horas por semana na escola, e acabam passando mais tempo com os educadores do que com a família. Por isso o professor tem um papel fundamental e ímpar na condução dessa criança. A escola é a coisa mais importante na vida de uma criança, tem caráter de formação de personalidade, de construção do respeito”, disse.
Além disso, o palestrante trouxe aspectos importantes sobre como agir diante de comportamentos desafiadores, compartilhando algumas técnicas e procedimentos de reconhecimento e abordagem, visando sempre o acolhimento e segurança dos profissionais e das crianças.
“Primeiramente precisamos estar sempre atentos às questões neurológicas e ambientais que podem afetar o comportamento. A previsibilidade é um fator fundamental, perceber a aceleração do comportamento, para conseguir evitar o pico de agressividade. Por isso a importância de um plano educacional pedagógico pensado de acordo com a particularidade de cada uma dessas crianças”, frisou.
Educação promove evento sobre inclusão e comportamento desafiador no TEA