Um detalhe na nova Praça Benedito Bernardo da Silva, em Andorinhas, que teve sua obra de reforma entregue pela prefeitura no último mês de outubro, chama a atenção de quem passa pelo local: a pintura do muro. Nos tons de azul, rosa, lilás, amarelo, verde, laranja entre outros, algumas casas foram estampadas na intervenção artística, que também destaca o nome do bairro logo acima.
O destaque dessa história é que os artistas responsáveis por deixarem essa bela marca na cidade foi um grupo de 22 estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental em Tempo Integral (Emef TI) Izaura Marques da Silva, localizada no mesmo bairro. E quem passa por ali talvez nem imagine que isso foi resultado de um projeto pedagógico desenvolvido com os estudantes, intitulado “Protagonismo estudantil e intervenção urbana”.
“O projeto teve como proposta a realização da atividade de muralismo da praça, sendo que a ideia do protagonismo está no fazer artístico dos estudantes, mas sobretudo na iniciativa que partiu deles mesmos. A ideia central era oportunizar a participação ativa dos estudantes na cidade, por meio da intervenção urbana com a arte muralista, proporcionando maior senso de pertencimento dos estudantes no espaço coletivo”, explica o diretor da unidade de ensino, Ivan Lana.
A dinâmica foi muito bem recebida pelos estudantes, que puderam deixar fluir a imaginação e ocupar o tempo aprendendo sobre a arte da pintura, durante a execução da mesma. Vale destacar também que os próprios estudantes exerceram o protagonismo, fazendo a articulação com a comunidade para que pudessem produzir a arte de muralismo, como conta a estudante do 6º ano, Bianca Pardim.
“A ideia de procurarmos o líder comunitário para a escola participar da reforma da praça veio porque na escola a gente tem aula de protagonismo, eletivas e aulas de arte, que contribuíram para percebermos que a gente poderia utilizar a reforma da praça como uma oportunidade para mostrar que a escola pode participar mais de projetos para o bairro, além de também a comunidade ter mais vínculo com a escola”, contou.
Quem também falou sobre a experiência foi a estudante Gabriela Araújo, do 9º ano, que destacou o protagonismo e a autonomia experimentados durante toda a vivência de produção do muralismo: “A experiência permitiu que tudo fosse feito e pensado por nós estudantes. Desde a ideia de pintar o muro, o desenho que seria trabalhado e a hora de fazer. Foi uma oportunidade que trouxe novas chances também, agora tenho mais vontade aprender sobre o grafite. Foi uma experiência que deu trabalho, mas que valeu a pena e foi muito bom participar”, ressaltou.
Trabalho pedagógico efetivo
Para a equipe pedagógica da unidade de ensino, a experiência promoveu diversos benefícios para os educandos, como desenvolvimento de protagonismo, autonomia e fortalecimento do sentimento de pertencimento com o território em que vivem, além de estreitar os laços entre a comunidade e a unidade ensino.
“Essa atividade foi muito positiva, pois proporcionou aos estudantes a oportunidade de explorar seu incrível potencial artístico e se envolver ativamente com a comunidade. Ao sair da sala de arte e contribuir para o ambiente local, os estudantes sentiram um forte senso de pertencimento e orgulho por deixar sua marca no muro da comunidade. Isso demonstra a importância de conectá-los ao mundo real e promover um aprendizado mais significativo”, destacou Ana Carolina Fontes, professora de Arte.
“A experiência de trabalhar o muralismo com os estudantes foi muito estimulante. Perceber o empenho destas crianças e adolescentes em deixar sua marca na sua comunidade foi incrível. A importância do projeto está na conexão da escola com seu território, bem como na possibilidade de a comunidade acreditar no potencial artístico destes estudantes, apreciar a arte de maneira acessível nos espaços comuns do bairro e valorizar sua identidade”, complementou Karla Garcia Correia, professora de Arte.
Estudantes da Emef TI Izaura Marques da Silva deixam sua marca na comunidade