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quarta-feira, maio 15, 2024
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Estudantes de São José lançam livros escritos de forma coletiva na escola – Notícias de Vitória-ES

No segundo semestre deste ano, o espaço da biblioteca da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Tancredo de Almeida Neves, localizada no bairro São José, foi utilizado pelas turmas dos anos finais de ambos os turnos para a criação de uma história coletiva.

Essa produção foi a última etapa do “Projeto Lendas Urbanas: Ler e Tecer”, que deu origem a três livros, lançados na escola: “Um início e muitas histórias”, com textos de oito turmas, 6º ano A, 6º B, 7º A, 7º B, 7º C, 8º A, 8º B e 8º C; “O que é o que é”, escrito pelas turmas do 3º ano A, 3º B e 3º C; e “A subida que nos levou ao Convento da Penha: relatos de uma visita”, desenvolvido pela turma do 2º ano A.

O projeto foi idealizado pela bibliotecária Aparecida Merotto Lamas e abraçado pelos educadores da unidade de ensino. Iniciou-se na biblioteca e, de forma organizada e sistematizada, conquistou novos espaços, como a sala de aula, o auditório e, ainda, os corredores da escola.

O objetivo principal do era assegurar aos estudantes o acesso à leitura de diversas lendas urbanas e, com isso, estimulá-los na compreensão dos propósitos comunicativos do gênero, para, por fim, encorajá-los a produzir textos coletivamente.

“Esse projeto possibilita incentivar e desenvolver nos estudantes do ensino fundamental habilidades de criação, imaginação e reflexão. As turmas conheceram um método dinâmico e divertido de produzir textos e engajaram-se ativamente nos processos de partilha de experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos, para produzir sentidos e exercer o protagonismo”, contou a bibliotecária.

Um início e muitas histórias

Na biblioteca os estudantes conheceram o conceito de lendas urbanas, tiveram contato com textos de autores deste gênero literário e foram incentivados a socializar as lendas urbanas que conhecem do bairro onde estudam e moram. A seguir ouviram a bibliotecária e a professora contarem a lenda “A Pedra do Diabo”, recontada por Rodrigo Campanelli.

Várias atividades foram realizadas em sala de aula pelas professoras da disciplina de Língua Portuguesa Adriana do Sacramento Silva dos Santos, Letícia Kezia Sousmickt e Vanessa Guiomar da Costa Ribeiro, conforme conteúdo disciplinar de cada turma e do cronograma do projeto.

“No início do ano letivo, os estudantes nos propuseram que fizéssemos aulas diversificadas, em diferentes espaços, com novas dinâmicas. E esse projeto é um pouco da realização do que eles pediram. Foram momentos de trocas muito ricas, em que eles tiveram um grande desempenho e comprometimento. Eles escolheram participar e produzir, e por isso temos um produto, resultado de um processo que foi partilhado entre os pares”, explicou a professora Letícia.

Escrevendo juntos

Para a escrita coletiva, a biblioteca foi organizada previamente, com as cadeiras num grande círculo ou com as mesas agrupadas e as cadeiras ao redor. Assim que a turma entrava acompanhada pelos educadores, todos se acomodavam. Antes de iniciar o momento da criação, a dinâmica foi explicada e a proposta oferecida à turma; foram sendo estabelecidos alguns combinados para alcançar o objetivo proposto e as professoras ficaram com a tarefa de transcrever o que os estudantes criavam oralmente.

Um marca texto foi apresentado e utilizado como objeto mágico, cujo poder era capaz de transformar em escritor(a) a pessoa que o possuía. Só quem estava de posse do poder podia inserir informações a serem registradas ao texto, à história.

Então, a bibliotecária lia o começo da história para a turma e incentivava a utilização da imaginação, fazendo perguntas para preencher as lacunas do texto, quando necessário. O início da história é o mesmo para todas as turmas, sendo o desenrolar surpreendente diante da criatividade de cada grupo.

Desse modo, o poder passou de mão em mão, em sentido horário. Todos participaram e, ao final, a professora, que também recebia o poder, dava o título à história e lia o texto completo para a turma.

Superando desafios

As turmas deram depoimentos manifestando todo seu orgulho e satisfação em ver suas histórias tomarem forma e se transformarem em livros. Agora, eles se sentem eternizados na história da unidade de ensino.

“Acho que esse processo representa muito a nossa história e a trajetória de cada um aqui. Nós nos superamos, dentro da nossa escola, e escrevemos uma história coletiva, juntos”, afirma o estudante Erick Willia, do 8º ano.

“Eu agradeço muito aos professores por sempre acreditarem em nossos sonhos e nos incentivaram. Graças a eles tivemos uma oportunidade única, de sermos eternizados em um livro. E nessa construção coletiva, nós ainda nos divertimos, aprendemos, superamos as dificuldades juntos. A palavra é gratidão”, ressaltou a estudante Ana Beatriz, também do 8º ano.

O que é o que é

O livro “O que é o que é” nasceu despretensiosamente na biblioteca escolar, a partir de um processo de leitura divertido, lúdico, de momentos de interações e de trocas onde alunos, familiares, professoras e bibliotecária foram parceiros.

“O projeto ‘Adivinha’ foi pensado pela bibliotecária, Cida, com intuito de estimular a participação dos alunos no decorrer das atividades propostas na biblioteca e na sala de aula. Eu não esperava que fosse despertar tanto interesse nos alunos. Quando começamos a executar o projeto houve muita euforia”, contou a professora Naria Cristina Rodrigues da Silva Dias.

“Este livro é fruto da dedicação e do empenho da comunidade escolar e de todos os envolvidos nesse processo que, generosamente, partilharam conosco seus saberes, seus fazeres e suas descobertas. Era para ter sido apenas uma visita na biblioteca da escola para a audição da história do conto popular escrito por ngela Lago, ‘Sua alteza, a Divina’ e, em sequência, uma brincadeira para que os estudantes descobrissem as respostas de algumas adivinhas do livro ‘Adivinhas para brincar’, de Jasca Barout e Lucila de Almeida. Porém essa atividade foi uma sementinha que brotou e deu frutos”, destacou a bibliotecária Aparecida Merotto Lamas.

Um estudante sugeriu a reunião das adivinhas num livro, ideia acolhida com satisfação tanto pela bibliotecária como também pelas professoras Naria Cristina Rodrigues da Silva Dias, Romelina Degasperi e Zenilda Soares Carneiro, além das pedagogas Eliana Cardoso de Sena e Idês Maria Volkers Soares. As profissionais incentivaram e orientaram os estudantes a criar uma ilustração para a capa e um título para o livro.

“Potencializando a leitura oral, a interpretação e a escrita, com ênfase no gênero textual Adivinhas, percebemos que a atividade possibilitaria oferecer aos alunos um material capaz de promover a aprendizagens significativas, pondo em ação, estratégias que garantam a aquisição de conhecimentos linguísticos e o desenvolvimento de competências em compreensão na leitura que são transversais a todas as áreas curriculares e essenciais para a integração social e cultural”, disse a pedagoga Idês.

“É imprescindível ter no Plano de ação, um projeto de incentivo à leitura em que esteja incluso os usos da biblioteca escolar, e um dos principais objetivos precisa ser o de ensinar também a gostar de ler, potencializando a leitura literária para auxiliar na formação de alunos leitores, em consonância com o trabalho docente a ser desenvolvido em sala de aula. O processo de ensino e aprendizagem precisa ultrapassar as paredes e ir além dos muros da escola”, avaliou a pedagoga Eliana.

“As crianças demonstraram grande interesse no tema das adivinhas. Quiseram pesquisar, conhecer outras e repetir os desafios de descobrir as respostas. Assim surgiu a ideia do livro. Eles entrevistaram familiares e buscaram na internet várias perguntas para fazer aos colegas da sala quando voltassem à biblioteca. Cada adivinha foi escrita numa folha de papel. Foi explorado o potencial criativo deles, fortalecendo sua autonomia, automotivação, produção escrita e oralidade”, pontuou a professora Romelina.

“A turma ficou muito ansiosa para ver o resultado e conhecer o livro. Capricharam na escrita e nos desenhos. Eu fiquei muito orgulhosa e feliz de ver o desempenho deles, e muito mais agora em ver que o sonho do livro se tornou realidade”, ressaltou a professora Zenilda.

A subida que nos levou ao Convento da Penha: relatos de uma visita

O livro nasceu de uma sequência pedagógica iniciada em sala de aula, quando a professora Jaqueline Martins de Souza, da turma do 2º ano A, abordou o conteúdo sobre patrimônios e citou um dos monumentos históricos do Espírito Santo, o Convento de Nossa Senhora da Penha. Para sua surpresa, muitos dos estudantes daquela turma não haviam visitado aquele santuário. Junto à equipe pedagógica foi agendada a visita ao local.

Antes, porém, a turma realizou uma pesquisa sobre o Convento da Penha na biblioteca da escola e ouviram a lenda “O fantasma do Convento”, recontada por Rodrigo Campanelli. O objetivo desta ação foi de contextualizar e conscientizar os estudantes a respeito da importância do local a ser visitado e também sobre o que eles poderiam encontrar lá. A roda de conversa instigou a curiosidade e a imaginação da turma.

“Mesmo sendo informados que o fantasma do Convento trata-se de uma lenda urbana, a pergunta que eles levaram consigo na visita foi ‘será que ao chegarmos ao Convento, encontraremos o fantasma?’ Posteriormente, relataram para mim suas vivências durante a visita, já que estavam ávidos em relatar tudo o que viram e vivenciaram. Uma deliciosa confusão formou-se, pois todos queriam ser ouvidos e tinham muito o que contar”, lembrou a bibliotecária Aparecida Merotto Lamas.

A turma teve a oportunidade de relatar, de explicar, sem intervenções e com muitos detalhes, o que realmente absorveram da visita, a partir de sua própria perspectiva, revelando com eficácia sua vivência pessoal.

“De posse desse material riquíssimo, enquanto bibliotecária e escritora, vi o quanto seria pertinente gerar um registro destas entrevistas, das emoções que cada um sentiu ao estar naquele ambiente, alguns pela primeira vez. A descrição sob a ótica de meninos e meninas encantados com tantas belezas que o Convento da Penha oferece, dá um retorno a toda comunidade escolar, principalmente para a família, da contribuição que uma visita pedagógica traz para o processo ensino-aprendizagem”, destacou.

No dia do lançamento da obra, a emoção foi geral e alguns pais e mães não puderam conter as lágrimas, orgulhosos dos filhos escritores. Para abrilhantar ainda mais o evento, a artista Vivian Chiabay esteve presente. Os estudantes fizeram a releitura do painel decorativo “Convento da Penha”, obra dessa arquiteta, artesã e designer capixaba.

“Assim que retornaram da visita, a bibliotecária convidou os alunos para relataram a ela tudo o que aconteceu na visita e tudo o que viram. Os alunos contaram na sala que se sentiram importantes por serem entrevistados, por alguém ouvir o que eles tinham para contar”, disse a professora Jaqueline.

Além de melhorar a autoestima da turma, o passeio modificou o comportamento em sala de aula. Os estudantes passaram a prestar mais atenção nos detalhes, a serem mais observadores. Foi um momento de protagonismo, de serem valorizados e serem escutados.

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Estudantes de São José lançam livros escritos de forma coletiva na escola

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