Na operação ‘Resguardo’, foram 642 prisões. Na “Maria da Penha Itinerante”, foram 532 prisões. Essas operações contaram com um ônibus da PCES, que é uma delegacia móvel estruturada e com uma equipe composta por delegadas, escrivãs, investigadores de polícia, agentes, psicólogas e assistentes sociais, que trabalham diariamente no enfrentamento à violência contra a mulher de maneira especializada.
“É muito importante ressaltar que em todo o mundo mulheres sofrem violência e discriminação simplesmente por serem mulheres. A violência contra as mulheres se apresenta de muitas formas, não é apenas física, mas também pode ser psicológica, sexual, moral, patrimonial”, disse a chefe da Divisão Especializada de Atendimento à Mulher, delegada Cláudia Dematté.
A Polícia Civil do Espírito Santo, por meio da Divisão Especializada de Atendimento à Mulher (DIV-Deam), trabalha no combate à violência doméstica e familiar no Estado, tanto por meio da repressão quanto por meio da prevenção. A DIV-Deam é composta por delegadas que se dedicam, exclusivamente, no enfrentamento à violência contra a mulher no Estado.
“Desde a criação em 2018, a Divisão Especializada de Atendimento à Mulher não tem medido esforços para realizar seu papel. As ações da Divisão e suas delegacias especializadas ocorrerão em parceria com a rede de serviços de garantia de direitos, como saúde, educação, assistência social, entre outros. Sendo ofertadas palestras, rodas de conversas e orientações sobre a temática violência doméstica e familiar para o público atendido desses serviços”, enfatizou a delegada.
Prevenção: Projeto “Homem que é Homem”
Lançado em 2015 e idealizado por psicólogas e assistentes sociais da Polícia Civil do Espírito Santo, o Projeto “Homem que é Homem” foi desenvolvido para contribuir para a redução do índice de reincidência de violência contra a mulher no Estado. A partir do ano de 2019, o projeto foi inserido na proposta de trabalho do Programa Estado Presente em Defesa da Vida, que articula diferentes políticas públicas e envolve secretarias e órgãos do Governo do Estado, com o objetivo de reduzir os índices de violência e criminalidade.
No Projeto “Homem que é Homem”, homens denunciados nas Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam”s) são convocados a participar de um ciclo de palestras com temas voltados para a desconstrução de ideias sexistas e machistas, a fim de estimular formas pacíficas de lidar com os conflitos.
Atualmente, o Projeto “Homem que é Homem” está sendo desenvolvido em 19 municípios. “O principal propósito é o de refletir sobre a possível origem desse sentimento agressivo e induzir ao questionamento das atitudes violentas. Para isso, é introduzido nas reuniões alguns disparadores, como imagens, propagandas ou letras de músicas, que levem à discussão de temas, como o machismo, a masculinidade tóxica e a diferença de gênero”, destacou a delegada Cláudia Dematté.
Os temas abordados contemplam relações de gênero, formas pacíficas de lidar com os conflitos, identificação e reflexão a respeito das violências nas relações, bem como aspectos relativos à relação familiar, propondo pensar o espaço subjetivo ocupado na família como um lugar democrático de convivência. A metodologia de trabalho do Projeto “Homem que é Homem” ocorre em ciclos, que acontecem com atividades, como rodas de conversa, palestras, dinâmicas de grupo, debates, apresentações de vídeos, entre outras.
Diga não à violência
A delegada Cláudia Dematté também enfatizou que a violência contra a mulher ocorre em razão de um machismo estruturado e estruturante, de uma cultura patriarcal. “As mulheres tiveram por muitos anos e ainda têm seus direitos violados e sofrem os mais diversos tipos de discriminação e violência. Ao longo dos anos, direitos foram conquistados, avanços legislativos ocorreram, mas ainda temos muito a avançar e desconstruir, pois infelizmente ainda hoje mulheres são vítimas diariamente dos mais diversos tipos de discriminação e violência simplesmente pelo fato de serem mulheres”, pontuou.
“Precisamos discutir e dialogar com toda a sociedade, e com os homens, as questões que envolvem relacionamentos baseados na violência, pois se trata de uma questão de necessidade social, uma vez que comportamentos machistas, sexistas e misóginos ainda integram as concepções de masculinidade. Essa deve ser uma luta e um compromisso de toda a sociedade”, acrescentou a delegada.
Denuncie
A Polícia Civil do Espírito Santo orienta que a mulher que for vítima de violência doméstica ou crimes contra a dignidade sexual denuncie. “Não se calem. Procurem a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher do município que ocorreu o fato, ou a Delegacia da cidade nos locais que não têm Deam para registrarem o Boletim de Ocorrência, e para que os autores dos fatos sejam devidamente investigados e responsabilizados criminalmente”, complementou a delegada Cláudia Dematté.
Ela ressaltou ainda que o Boletim de Ocorrência pode ser registrado on-line, por meio da Delegacia On-line, bem como denúncias sobre casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, e crimes contra a dignidade sexual das mulheres, também podem ser feitas por meios do Disque-Denúncia 181 e do Disque 180, que é a Central de Atendimento à Mulher do Governo Federal.
25 de novembro: Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher
O dia 25 de novembro é o Dia Internacional de NÃO à violência contra a mulher. A data foi criada para intensificar o diálogo e o debate sobre a temática que é tão importante na sociedade. A data foi escolhida em homenagem às irmãs Patria, María Teresa e Minerva Maribal, que foram violentamente torturadas e assassinadas em um dia 25 de novembro do ano de 1960, a mando do ditador da República Dominicana Rafael Trujillo.
“É uma temática que tem de ser debatida em todas as esferas. Uma ação que tem que ser feita pelos órgãos públicos e por toda a sociedade. É um crime considerado complexo. O nosso trabalho, como polícia, é reprimir esse tipo de crime”, ressaltou a delegada Cláudia Dematté.
16 Dias de Ativismo contra a Violência de Gênero
O “16 Dias de Ativismo contra a Violência de Gênero” é uma campanha internacional de combate à violência contra mulheres e meninas. A campanha acontece todos os anos, na data de 25 de novembro, em alusão ao Dia Internacional da Não Violência Contra às Mulheres, e no dia 10 de dezembro, no Dia Internacional dos Direitos Humanos.
No Brasil, a campanha ganhou cinco dias extras: começa no Dia Nacional da Consciência Negra, no dia 20 de novembro, e se estende até o Dia Internacional dos Direitos Humanos, que acontece dia 10 de dezembro.
Texto: Olga Samara Gomes
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Fonte: Polícia Civil ES – Confira + em PC ES.