Como espaço de reflexão sobre a vida, relacionamentos, saúde e sociedade, pacientes dos Centros de Atenção Psicossocial de Vitória (Caps), da Ilha de Santa Maria e de São Pedro, usam a arte, especialmente a pintura em telas, como forma de expressão. Na tarde da quarta-feira (29), eles apresentaram algumas de suas obras no hall da Prefeitura de Vitória.
Algumas das peças foram desenvolvidas na oficina “Ateliê das Artes”, no Caps Ilha, com o apoio da residente de Psicologia, Júlia Ott; da residente de Assistência Social, Ramone Gomes; do Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação (ICEPi).
A diretora do Caps Ilha, Rejane Vasconcelos, explica que a oficina durou três meses. Nesse processo, os pacientes puderam pesquisar sobre artistas e obras de vanguarda, visitar museus da cidade e até conhecer o artista capixaba João Feijão. Todas essas atividades serviram como uma preparação para a criação das telas e sua exposição na sede da Prefeitura. “Por meio desse projeto, eles tiveram acesso a conhecimentos, socialização, integração e possibilidades de ressignificar experiências, memórias e expectativas”, afirma.
Para Júlia Ott, o projeto também reforçou o acesso à arte como exercício da cidadania. “Alguns foram para museus ou pintaram em telas, pela primeira vez. Há os que não têm companhia ou não têm dinheiro pra sair, o que traz muita dificuldade para circular pela cidade. Por isso, a oficina conferiu a eles direitos de cidadãos, uma vez que a arte é um patrimônio da sociedade”, afirmou.
Raquel Silva, auxiliar administrativo, foi uma das pessoas que apreciou as obras e conversou com seus criadores. ” Achei muito interessante a obra da Débora Garcia, as cores que ela escolheu e sua inspiração de criação”, contou.
A assistente administrativo Melissa Schneider também elogiou muito a iniciativa. “Eu já tinha ouvido falar do Caps, mas hoje foi a primeira vez que vi o trabalho feito pelo serviço. E a obra da Rubia Rocha está linda, muito profissional”.
Tanto Debora quanto Rubia são enfáticas em afirmar o quanto amam trabalhar com arte e o quanto essa atividade as tem ajudado em seus tratamentos. Júlia explica que oficinas como essa são muito importantes no tratamento da saúde mental porque permitem às pessoas “dar significado pras coisas, especialmente se elas estiverem embaralhadas ou confusas. Nesses momentos de reflexão e integração, oficinas como o Ateliê das Artes ajudam a dar significados pras suas experiências”, explicou.
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