Uma vernissage, marcada papa o próximo dia 29 de agosto, às 14h30, vai apresentar o painel de uma obra muralista pensada pela artista plástica Luiza Ângela da Cunha Souza, que assina como Lacunha, e que contou com a participação de usuários do Abrigo 1, espaço da Secretaria de Assistência Social (Semas) de acolhimento para pessoas em situação de rua.
Os acolhidos no Abrigo foram responsáveis pela escolha do espaço, preparação do local para confecção do painel e recebimento dos traços e cores para mostrar um dos cartões postais mais expressivos da capital: a entrada da Baía de Vitória, com destaque para a curva do Saldanha com o Morro Penedo ao fundo e toda a riqueza de detalhes captada numa visão ampliada da região.
A artista plástica Lacunha contou que a produção da obra foi um processo coletivo que uniu seu esforço de resgatar o Muralismo, termo que se refere à pintura mexicana da primeira metade do século XX, de feitio realista e caráter monumental, e o uso da arte como terapia de resgate e construção de novos vínculos dos usuários do Abrigo e olhar para a cidade.
“O ambiente é propício para utilização dessa técnica. Fizemos um croqui da obra e, nas oficinas com os usuários, estudamos as cores, narramos a história do Penedo e evoluímos para a confecção da obra de artes”, contou Lacunha.
Lacunha se disse feliz com os resultados alcançados. “No processo de produção, ouvi histórias de vida recheadas de sonhos. Para alguns, a participação pode ter sido uma chave para se abrir novas portas. Cada um interpreta da sua forma e isso reverbera de diferentes formas”, disse ela.
Para o Dj Jota, que intermediou o encontro da artista com a coordenação do Abrigo 1 e fez a articulação com os usuários do espaço, os momentos passados no local foram de vivências impactantes. Ele contou que por mais de cinco anos trabalhou como técnico em outro espaço da Semas voltado para o atendimento à pessoa em situação de rua – Centro de Referência para Pessoa em Situação de Rua (Centro Pop) – e, agora, voltar a ter esse contato próximo como voluntário foi mágico.
“Até o desenho ganhar vida trabalhamos a política da inclusão. Todo mundo colocou a mão no “arado” até a artista colocar as suas linhas e ganhar a identidade dela. O resultado final é um presente para Vitória. É uma devolutiva do que já recebemos da cidade”, disse Jota emocionado.
Para o coordenador do Abrigo 1, Rodrigo Trindade, as parcerias e o voluntariado foram essenciais para a construção desse momento importante para o espaço. “Na participação coletiva da construção, representando a riqueza artística produzida e expressando as belezas da nossa capital. Além de exibir as características e sensibilidade individuais e coletivas na percepção estética de sua realidade criativa e capacidade de expressão por meio da arte”, comentou ele.
A secretária de Assistencia Social, Cíntya Schulz, comentou que são desenvolvidos trabalhos para que a situação de rua possa ser superada, atividades como esta articulada pela equipe do SUAS criam vínculos e auxiliam no trabalho que busca a autonomia das pessoas. “Particularmente pude ver o resultado da atividade e fiquei impressionada com a beleza e detalhes dessa arte que já deu mais vida ao espaço”, destacou.
Pessoas em situação de rua participam da produção de obra de arte