Mobilizar para a ação, para intervir no cotidiano escolar, da rua onde mora, do bairro, da cidade. O XIV Seminário de Mobilização Estudantil reúne, ao longo desta quarta-feira (24), 400 estudantes da rede municipal de Vitória, membros dos Conselhos de Escola, membros do Grêmio Estudantil e líderes de turma das Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emef) para conversar, debater, refletir sobre o protagonismo estudantil, com diversas atividades.
O espaço se propõe a desenvolver reflexões a respeito do protagonismo estudantil para uma educação cidadã e democrática que busca a integração dos estudantes aos processos de decisão da escola para superação dos desafios e resolução de problemas onde o estudante é agente de mudança. O objetivo é incentivar a atuação ativa dos estudantes nos espaços de participação da escola.
Na abertura das atividades, com a recepção para credenciamento e lanche, a galera responsável pela Rádio Escola da Emef Padre Anchieta, na Ilha de Santa Maria, é que cuidou da trilha sonora. No auditório, o palco foi ocupado pelos protagonistas, com show de Ranon Fernandes, estudante da Emef Álvaro de Castro Mattos, em Jardim da Penha.
O momento mais esperado da manhã foi a presença de Cesar MC batendo um papo e fazendo rima free style com os estudantes.
“Vocês são protagonistas, que tentam reinventar esse mundo. Vocês são a esperança de tudo o que a gente está construindo. Eu comecei a fazer rap na pracinha do Sesi, no Parque Moscoso. Foi ali que eu vi a primeira batalha de rima. Essa é a importância da cultura na nossa vida, a gente encontra um lugar para se expressar, reescrevendo a própria história e acreditando nos sonhos. Eu aposto todas as minhas fichas em vocês. A mensagem que eu trago aqui hoje é de enxergar com grandiosidade não só no sonho, mas naquilo que desperta prazer de estudar, de fazer o seu melhor. Quando a gente encontra um espaço para ouvir que a gente é protagonista, que o que a gente faz vale a pena, aquilo que já faz, já sonha, já mobiliza, isso é que faz acontecer. Todos vocês têm um futuro brilhante pela frente. E o exemplo é o maior influenciador, é o que mais faz mobilização. É uma influência positiva”, afirmou o artista para uma plateia repleta de fãs de seu trabalho.
Amor, esperança, respeito, mobilização, sensação, justiça, fé, solidariedade, raça e educação foram as palavras escolhidas pelos estudantes para Cesar MC fazer a rima. O resultado foi aplaudido de pé.
Orgulho da cidade
Protagonistas em suas funções, o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, e a secretária de Educação, Juliana Rohsner, estiveram na abertura do evento para saudar os estudantes.
“É uma emoção estar aqui nesta manhã e ver tantos talentos conosco. É um momento muito especial de reunir essa juventude tão engajada, responsável e que tem feito a diferença na cidade de Vitória. Quero aqui fazer um agradecimento especial aos nossos educadores, aos nossos professores, pedagogos e todos os profissionais que trabalham nas escolas, nossas auxiliares e a turma da limpeza. E também a equipe da Seme. É possível uma construção coletiva e uma cidade diferente. Temos feito muito pela educação da cidade de Vitória, temos trabalhado e lutado muito para construirmos juntos, com toda a diversidade que nós temos, com toda a riqueza étnica, riqueza cultural, riqueza sócio-ambiental, a valorização do nosso município. Vitória hoje é referência para o Brasil em várias áreas e a educação é orgulho de nossa cidade”, destacou o prefeito.
A secretária Juliana reforçou o papel de protagonismo dos estudantes nas unidades de ensino, mas também na cidade, como cidadãos.
“Que bom ter vocês aqui, estudantes protagonistas da nossa rede. Estudantes que cuidam da rádio, que dão ideia, que movimentam o cardápio escolar. Estudantes que transformam a educação de Vitória. Nós temos aqui representantes das nossas 54 unidades de ensino fundamental. Às vezes a gente reclama da cidade, algo que a gente queria que fosse diferente. Mas quem aqui vai lá e tenta mudar isso? Essa força que vocês têm é a força mobilizadora que a gente acredita. Quero agradecer a todos os profissionais da Educação que estão aqui, acompanhando esse movimento hoje e empoderando os nossos estudantes. A gente não dá voz a ninguém, vocês já têm voz. O que a gente faz é abrir espaços para que vocês falem e transformem o que não está tão adequado. Que a nossa voz esteja ecoando por aí, transformando. A escola é feita porque vocês existem”, afirmou.
Lançamento de livros
Também ao longo da manhã, quatro estudantes com altas habilidades e/ou superdotação da Emef Maria Madalena de Oliveira Domingues fizeram o lançamento de suas obras, escritas como atividades do programa de enriquecimento curricular.
“Que energia incrível. Sou professora de Artes e tive a felicidade de estar com essas estudantes para desenvolver esses livros, essas histórias. Com escrita, ilustração”, disse a professora Verônica Devens.
“Esse é o meu segundo momento no Seminário de Mobilização Estudantil. Nós temos tido apoio para realização dos trabalhos. E eu tenho um sonho que é ter um acervo de livros dos nossos estudantes em todas as escolas de Vitória”, contou a professora Iza Conceição.
A estudante Maria Clara Bortoluzzi de Paula Pires, autora de “O Universo de Malu”, contou que escreveu a história baseada na experiência de confinamento da pandemia de covid-19.
“Ano passado, meu projeto foi escrever o livro. Inspirado no alinhamento dos planetas Júpiter e Saturno, que aconteceu durante a pandemia. Eu queria agradecer às professoras Verônica e Iza, que me ajudaram a escrever o livro, que foi muito desafiador, e a Thereza, que fez as ilustrações”, relatou.
As ilustrações da obra foram feitas pela também estudante Thereza Vitória Alves Moura. “Foi um pouco difícil a comunicação porque a gente ainda estava se falando pelo Google Meet, mas fomos conversando e tentei criar esse universo para a história que ela escreveu. Agradeço às professoras e ao projeto que me ajudaram a desenvolver meus hobbies, que são a escrita e o desenho”.
Mariana Fassarella Meira, por sua vez, criou uma obra infantil, chamada “A lua e o arco-íris”. “O livro conta a história de um arco-íris que decidiu seguir um foguete e encontrou uma melhor amiga. É uma história infantil, que eu achei que ficou muito bacana, eu ilustrei e escrevi. Preciso agradecer muito às professoras, nada disso seria possível sem elas”, contou a estudante.
A partir da experiência de seu pai e do interesse pela temática do meio ambiente, Samuel da Silva Cerqueira Teixeira escreveu e ilustrou com técnica de 3D “Samuel e o meio ambiente”. “Eu fiz um livro falando sobre o óleo de veículos. Meu pai trabalha num caminhão coletando esse óleo antigo e leva para uma fábrica onde esse óleo é refinado. A preocupação com o meio ambiente é porque se um pingo de óleo cair na água, contamina mil litros”, chamou a atenção.
Apaixonado por música e pelo teclado que ganhou de presente do avô, o estudante Gabriel Reis Lauff Rocha escreveu e ilustrou o livro “Gabriel e a Música”, em que explica sobre teoria musical para crianças. “Esse livro conta a teoria musical para quem quiser aprender. Eu fiz com a ajuda da professora Iza e o tutor David. Todas as músicas que eu aprendi a tocar, eu aprendi no YouTube”, revelou o pequeno, que é autodidata.
“Nós que estamos todos os dias na escola, a gente entende o quanto é importante essa mobilização com os estudantes no dia de hoje. Quero parabenizar a equipe da Seme e a todos os estudantes”, disse o diretor da Emef Maria Madalena, Renal de la Fuente.
Teatro e oficinas
O grupo de Teatro do Atitude Inicial apresentou a peça “Seja agente de mudança na sua escola”, que é o tema do evento. Abordando temas como comunicação não violenta, bullying, tolerância e respeito de forma interativa com os estudantes, muitos deles relataram vivências, experiências e subiram ao palco para uma encenação.
Após o almoço, estudantes e profissionais se dividiram em grupos para as oficinas de técnicas culturais e de comunicação com o objetivo de provocar o olhar e a atuação protagonista nos estudantes, apresentando teorias e práticas que possibilitem aos participantes adquirir habilidades pessoais e profissionais de expressão de ideias.
Ao todo, foram ofertadas 10 oficinas, em parceria com a instituição Bem Comum e outros parceiros do seminário: Música; Stop motion; Autorretrato com técnica de giz de cera; Dança afro; Fanzine; Trança; Cinema; Breakdance; e Axé Dance tiveram a participação dos estudantes protagonistas. A oficina “A importância do olhar e ver para o ato educativo” foi destinada aos profissionais da Educação.
Para encerrar a parte formativa do seminário, ainda teve Papo Responsa, com a Academia de Polícia Civil do Espírito Santo, com a presença do investigador Alessandro Nascimento da Victória.
Seminário de Mobilização Estudantil reúne 400 estudantes da rede de Vitória