A Assembleia Legislativa (Ales) sediou, nesta sexta-feira (4), seminário que reuniu convidados de diversas áreas para abordar a gestão de recursos hídricos, sobretudo ações que podem ser colocadas em prática em época de escassez. O evento foi promovido pela OAB-ES no Auditório Hermógenes Lima Fonseca.
O diretor de planejamento da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), José Roberto Jorge, apresentou a experiência dos Acordos de Cooperação Comunitária (ACCs), conduzidos pela pasta no período de seca no Espírito Santo, entre 2015 e 2017.
Conforme explicou, essa ferramenta de gestão precisa ser homologada pela Agerh. O documento é elaborado pelo Comitê de Bacias Hidrográficas e assinado por membros locais de associações, representantes de segmentos da atividade econômica, além do poder público.
Por meio desse acordo, geralmente firmado em cenários de seca, os participantes concordam em fazer uso compartilhado dos recursos hídricos e estabelecem regras para o abastecimento de água junto à população e ao setor produtivo – como irrigação das lavouras e uso pelas indústrias.
“Importante ferramenta para gestão dos recursos hídricos naquele período de crise”, destacou Jorge ao lembrar da estiagem observada anos atrás que causou perdas no valor de R$ 2 bilhões na economia capixaba. Ainda hoje, dois acordos estão valendo, em Fundão e Jaguaré.
Reaproveitamento
O seminário abriu espaço para a exposição de medidas que podem ser adotadas na diminuição do uso de recursos hídricos no setor industrial. O coordenador de Mineração do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), Joder Torres do Vallis, falou dos desafios superados na atividade de beneficiamento de rochas ornamentais.
Desde 2009 atuando no licenciamento dessas indústrias, um dos carros-chefes da economia no estado, Joder mostrou como o segmento evoluiu na reutilização da água. Se antigamente ela era jogada fora após ajudar no processo de obtenção das placas de granito e mármore, hoje é tratada para reaproveitamento.
O coordenador listou ainda ações como a captação da água de chuva, a melhoria no sistema de tratamento da água, a melhora técnica dos equipamentos e importância da educação ambiental dentro das empresas. “Quanto mais a empresa investe em tratamento, menos água limpa ela vai demandar”, frisou.
Já a gerente de sustentabilidade da ArcelorMittal Tubarão, Jennifer Oliva Coronel, apresentou inovações na área da gestão hídrica na siderúrgica. Segundo ela, atualmente a fabricante de aço é cobrada pelos clientes por um processo produtivo responsável.
Ela explicou que a empresa utiliza bastante água (tanto doce quanto salgada) no processo. Para se ter uma ideia, ilustrou que para se produzir 1 quilo de aço são necessários 2,5 litros de água. A partir da crise hídrica anos atrás, a multinacional pensou em novos projetos para racionalizar e diminuir o uso dos recursos hídricos.
Entre eles estão o que estimula produtores rurais na proteção de nascentes no Rio Santa Maria da Vitória (de onde a siderúrgica obtém parte da água que usa); o aproveitamento dos efluentes tratados de esgoto no processo industrial (previsto para 2025), e a unidade de dessalinização da água do mar para uso industrial.
O seminário contou com a participação on-line da representante da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), Maria Antonieta Alcântara Mourão, que abordou a gestão das águas subterrâneas. A mediação coube ao presidente da Comissão de Direito Minerário da OAB-ES, Victor Athayde Silva, e ao presidente da Comissão de Direito Ambiental da OAB-ES, Alexandre Iunes.
Participantes falaram sobre inovações na área e medidas que podem ser colocadas em prática em época de escassez
Seminário debate gestão de recursos hídricos
Fonte: Assembleia Legislativa do ES.
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Seminário debate gestão de recursos hídricos
