“É tudo muito legal aqui. É outra coisa, a vivência, os costumes, as roupas, o jeito de falar, de se expressar”. Engana-se quem acha que esta declaração foi dada por algum brasileiro em viagem pela Europa ou mesmo “turistando” por esse Brasil afora.
A fala é de Iza Helena de Jesus, de 24 anos, mãe de Theo (1 ano), moradora do bairro Consolação, em sua primeira visita ao projeto Tamar, localizado a menos de cinco quilômetros de sua casa. Segundo ela, sair do bairro é coisa rara, por conta da falta de condições financeiras. “Saio com os passeios do Cras (Centro de Referência de Assistência Social). Tem van para trazer e levar de volta e, até lanche. Isso ajuda a gente a sair do morro e conhecer outros lugares”, comentou ela.
Iza revelou o que mais gosta nas saídas do seu bairro: “Gosto de poder ver a vida mais tranquila. É outra coisa”.
Também integrando o grupo de pessoas acompanhadas pelo Cras Consolação no passeio ao Projeto Tamar, Vera Lúcia Teixeira, de 65 anos, inicialmente, era de poucas palavras. Mas, foi só a educadora social Katiucia Correa Samora, que a acompanha no Serviço de Atendimento em Domicílio (SAD) daquele Cras, fazer as devidas apresentações, que Vera Lúcia mudou a fisionomia e “soltou” a língua.
Começou ela, “ah. Ela me tirou de casa. É muito bom porque a gente conversa, conhece pessoas diferentes. Fiquei muito tempo dentro de casa, agora nem comida faço mais em casa. Vou pra casa da minha filha”.
Vera Lúcia passou quase um ano sem sair de casa. Sua rotina era limitada a quarto, sala, banheiro, quarto. E por esse e outros motivos, além da dificuldade de locomoção devido a uma cirurgia de colocação de platina, a equipe SAD foi acionada pelo Cras.
“Foi muito bom vir. A vista fica até embaçada. Meu coração está muito feliz. Ver o verde das plantas é muito lindo”, comentou ela. Vera disse que estava ansiosa para voltar para contar tudo o que viu para o neto Miguel (8).
A dona de casa, agora, com as intervenções da equipe do SAD, parece querer recuperar o tempo de reclusão. “Já sonho em ir para Salvador com minha mãe (de 86 anos). Quero ir até o final do ano. Quero comer acarajé e andar” revelou Verá Lúcia, mostrando que já não usa mais o apoio das muletas.
A assistente social do Cras Consolação Larissa Ramos, contou que o passeio faz parte das atividades para o fortalecimento comunitário realizado com as famílias acompanhadas PAIF, mais especificamente do Projeto Conhecendo, Explorando e Ocupando a Grande Vitória.
As famílias que participarem da atividade, na volta para casa, ainda, receberam um kit com verduras ofertadas pelo Banco de Alimentos Herbert de Souza.
Para a secretária de Assistência Social, Cintya Schulz, dar oportunidade as famílias de Vitória conhecerem para além do seu território é ofertar mais uma forma de cidadania ” quando oportunizamos as pessoas de conhecem lugares e atividades ofertadas pela cidade a seus moradores, elas estão exercendo a cidadania. Se veem parte da cidade e usufruem de tudo que ela lhes oferece”.
A programação do Cras Consolação não para por aí. Confira:
01/12,
14h – Bazar Gratuito: Consumo Consciente: exclusivo para as famílias acompanhadas, que receberão dinheiro fictício para poder consumir os itens!
Local: no Cras Consolação.
05/12
Oficina de panetone
Duas turmas distintas, uma pela manhã e outra a tarde.
Atividade destinada para famílias atendidas no Cras.
Inscrições na recepção do Cras ou com a assistente social Larissa.
15/12
14h – Confraternização natalina com as famílias acompanhadas, no Cras.
Famílias atendidas no Cras Consolação visitam Projeto Tamar