Reabertura de delegacias distritais, instalação de delegacias especializadas e disponibilização de mais efetivo da Polícia Militar (PMES) para a Serra. Esses foram alguns dos pedidos feitos em audiência pública da Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa (Ales) realizada na noite de quinta-feira (31), na Estação Cidadania-Cultura, do bairro Novo Porto Canoa.
Na abertura dos trabalhos, o deputado Delegado Danilo Bahiense (PL), presidente do colegiado, apontou alguns dos problemas identificados na segurança pública capixaba, como carência de servidores, aumento da violência nas escolas, superlotação dos presídios e questões envolvendo a saúde mental dos policiais militares. “Foram 295 afastados por doenças mentais de janeiro a maio deste ano”, disse.
O deputado Pablo Muribeca (Patri), que tem base na Serra, lamentou a ausência de integrantes do Legislativo municipal e de representantes da Guarda Municipal. Ele elogiou a diminuição do número de homicídios na cidade – comparando-se o período de janeiro a julho, foram 70 homicídios em 2022 contra 57 neste ano. No entanto, cobrou mais estrutura de trabalho para os profissionais da segurança e mais políticas públicas para a população serrana.
Um dos convidados da audiência foi o secretário municipal de Defesa Social da Serra, delegado Joel Lyrio Junior, que lembrou que o município já foi o mais violento do país, mas que, com um trabalho integrado das polícias Militar (PMES) e Civil (PCES), criou-se um caminho para a diminuição da violência.
Ele apontou a formação do gabinete de gestão integrada do município, composto por integrantes das forças de segurança e de instituições estaduais, como uma das soluções para atenuar os índices de criminalidade na cidade, como de furtos e roubos.
Também destacou que a Serra é o município mais populoso do Espírito Santo, com mais de 520 mil habitantes, e que a estrutura de segurança precisa acompanhar o crescimento populacional. Lyrio pediu a instalação de mais delegacias distritais na cidade (existem apenas duas no município) e uma nova companhia independente da PMES. “Não vamos conseguir resolver todos os problemas, mas vamos resolver mais do que resolvemos hoje”, garantiu.
Bahiense lastimou o fechamento das delegacias de Serra Sede, André Carloni e Novo Horizonte e contou que tentou reabri-las, mas que não obteve sucesso. Já Muribeca enalteceu o trabalho de Lyrio à frente da secretaria de Defesa Social, colocou-se à disposição para contribuir com a reabertura dessas delegacias e para buscar mais recursos para as forças de segurança junto ao governo do Estado.
Moradores
Miguel Maia, morador de Jacaraípe, cobrou a abertura de Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA) na Serra. Bahiense respondeu que já tinha solicitado ao Executivo estadual a instalação de uma DPCA para o município e que iria reiterar o pedido.
O policial civil Adriel Moreira, morador de Planície da Serra, pediu que a população fizesse as denúncias de crimes para o telefone 181 da PCES para contribuir com o trabalho de investigação. Frisou, ainda, a importância da realização de concurso público para a PMES e PCES para recomposição do efetivo das polícias e das câmeras de segurança no controle dos crimes de trânsito.
Forças de segurança
O titular da Delegacia de Jacaraípe desde 2016, delegado Rodrigo Rosa, estimou que a unidade dele é responsável por uma área com cerca de 200 mil habitantes e disse que, além dele, a equipe possui quatro investigadores e uma escrivã.
“São 33 mil habitantes para cada um policial. A gente deveria ter 25 policiais e temos 6. São 800 boletins de ocorrência abertos por mês no balcão, fora os que a gente recebe on-line. (…) A gente acaba priorizando os casos mais graves e de maior repercussão”, explicou. “É uma coisa absurda, é falta de humanidade com os nossos policiais”, endossou Muribeca.
Segundo o major Carlos Góes de Almeida, do 6º Batalhão da PMES, atuam 435 militares na Serra no combate aos mais diversos tipos de crime, como roubo, tráfico de drogas e dispersão de eventos clandestinos. “Em 2022 foram mais de 46 mil ocorrências, este ano mais de 32 mil. Trabalhamos incansavelmente”, salientou.
Ao final dos trabalhos, Bahiense alertou que muitos criminosos permanecem na criminalidade pela certeza da impunidade, que a legislação é muito branda e defasada, que o sistema prisional é obsoleto e que a desigualdade social e a ausência de políticas públicas no país contribuem para a manutenção dos índices de criminalidade.
Além dos citados, fizeram parte da mesa de trabalho o presidente do Conselho de Segurança da Serra ,Gentil Almeida Jr; o representante da OAB-ES Márcio Bezerra; o tenente-coronel da PMES Stein; e o tenente Ronaldo Camillato, do Corpo de Bombeiros (CBMES).
Participantes de audiência pediram reabertura de delegacias e mais policiais militares atuando na cidade
Serra cobra investimentos em segurança pública
Fonte: Assembleia Legislativa do ES.
Para mais informações sobre a Assembleia Legislativa do ES acesse o site da ALES
Serra cobra investimentos em segurança pública
