Em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Fumo, a Saúde de Vitória promove, no decorrer desta semana, ações de orientação se conscientização sobre o tema. Profissionais da Secretaria Municipal de Saúde de Vitória (Semus) farão abordagens educativas nas unidades básicas de saúde (UBS) para alertar sobre os problemas que o uso do cigarro provoca.
Segundo a referência técnica em Controle do Tabagismo, Ludmila Coelho, a indústria do tabaco continua se esforçando para conquistar novos consumidores e tornar mais pessoas dependentes. Uma das principais estratégias desse mercado é a inserção, nas últimas décadas, de diversos aromas e sabores nos cigarros, charutos, cachimbos, tabaco para narguilé, rapé, bidis (cigarros indianos) e outros. A novidade que tem alcançado um público cada vez maior e mais diversificado são os bastões de tabaco aquecido e e-liquids para dispositivos eletrônicos de fumo, que contam com uma quantidade alarmante de açúcares, edulcorantes (adoçantes), aromatizantes, flavorizantes (adicionam aroma) e ameliorantes (melhoram o odor da fumaça), além de substâncias e doses desconhecidas por se tratarem de produto não regulamentado.
“Os mais jovens, especialmente os adolescentes, fazem o público alvo dessa indústria, que investe em embalagens coloridas e designs tecnológicos, como dispositivos eletrônicos, aliados a sabores e aromas que mascaram o gosto ruim da nicotina e o mau cheiro, tornando esses produtos mais palatáveis. Existem também aditivos que reduzem a porção visível da fumaça e diminuem a irritação que ela provoca nos não fumantes. Tudo isto só mascara os riscos reais para dependência e adoecimento que estão presentes em cada tragada”, explica Ludmila.
Dados da Onda 3 da Pesquisa Internacional de Controle do Tabaco (ITC) Brasil apontam que 12,5% dos fumantes acreditavam erroneamente que cigarros mentolados eram menos prejudiciais do que os cigarros comuns. E 33,4% acreditavam que os mentolados eram mais suaves na garganta e no peito.
Outros estudos indicam que os produtos de tabaco aromatizados para venda legal no Brasil mais que triplicou entre 2012 e 2021.
Ajuda para deixar o cigarro
Em Vitória, todas as 29 unidades de saúde estão aptas a realizar ações para enfrentar o tabagismo em dois eixos: na prevenção da iniciação e no tratamento dos tabagistas, por meio do Grupo de Apoio Terapêutico ao Tabagista (GATT).
As ações visam prevenir a iniciação do tabagismo principalmente entre adolescentes e jovens, aumentar a cessação do tabagismo entre os que se tornaram dependentes e proteger os não fumantes dos riscos do fumo passivo. Para o munícipe que deseja parar de fumar, a orientação é procurar a unidade de saúde mais próxima e iniciar o tratamento no início de um novo GATT.
O GATT é preconizado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) e inclui 4 sessões de abordagem cognitivo-comportamental, com treinamento de habilidades comportamentais, visando à cessação do fumo e à prevenção da recaída. A abordagem cognitivo-comportamental consiste em sessões individuais ou em grupo, com 10 a 15 participantes. Durante as sessões, os indivíduos que tiverem indicação poderão utilizar apoio medicamentoso com terapia de reposição de nicotina (adesivo transdérmico e goma de mascar) ou cloridrato de bubropiona.
O indivíduo deve passar por uma consulta de avaliação clínica antes de iniciar as sessões de abordagem. Nela, são avaliados a motivação da pessoa em deixar de fumar, seu nível de dependência física da nicotina, se há indicação ou contraindicação de uso do apoio medicamentoso, existência de comorbidades e sua história clínica.
Tabagismo: Saúde de Vitória alerta sobre os riscos do uso de cigarros